

Chicô lembra que sua trajetória teve um preço.
“Houve um tempo em que o brasileiro achava
que coisa de índio dava azar e africano era vudu.
Fomos educados para adorar a Europa e, depois,
a Disney. Mas sempre acreditei nesse caminho.
Aproveitava mostras e exposições para exibir
minha brasilidade e dizer o que sinto. Trilhei um
caminho e mostrei a beleza e a riqueza dessas
culturas que são nossas também. Somos uma
mistura dessas raças”, diz. Para o arquiteto,
entrar numa Igreja Católica em Salvador e ver
baianas cantando e dançando ao som de ata-
baque emociona, a arte plumária dos cocares
indígenas é encantadora e ver terços misturados
com as coisas de umbanda é fascinante.
“Brasilidade é o que eu carrego dentro de mim.
Uma grande mistura. Uma vez me chamaram de
mulato de olhos verdes e adorei”, conta. A paixão
pela personagem Tintim e sua coleção de soldadi-
nhos de chumbo também fazem parte do mundo
de Chicô Gouvêa, mas isso é assunto para uma
próxima conversa. • •
Escultura do português naturalizado brasileiro Ascânio MMM sob
gravura Iberê Camargo e marionete do Camboja. Ao lado, livros
guardados sob os degraus da escada.
MAGAZINE CASASHOPPING
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