

O
muro colorido em uma tranquila rua dá a
dica de que ali mora alguém que tem história
para contar. Um olhar atento vê a estátua da
personagem de quadrinhos Tintim e seu cachorro Milu
que dão as boas-vindas da janela no terceiro andar.
Há nove anos, o arquiteto Chicô Gouvêa transformou
a casa de três andares na Gávea em seu universo par-
ticular. “No térreo, fica meu escritório e, no segundo
e no terceiro andares, minha casa. Já não separo mais
minha vida de trabalho e pessoal. Tudo me completa e
satisfaz. É bom, simples”, conta o arquiteto.
O mundo de Chicô é repleto de cor e brasilidade.
“Não sou colecionador, apenas vou guardando comigo
o que faz parte do meu mundo”, diz. A paixão
começou há pouco mais de trinta anos. “Sou carioca,
educado por mãe pernambucana e babá portuguesa,
mas não era ligado com minhas raízes. Aos 26 anos,
uma viagem ao Nordeste mudou minha vida. Conheci
o escritor Gilberto Freyre, o pintor baiano Carlos
Bastos e o fotógrafo francês naturalizado brasileiro
Pierre Verger. Voltei para o Rio de Janeiro, fui ler Jorge
Amado, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e
mais tarde Darcy Ribeiro. Estes são os pilares da cultura
brasileira, do que é o Brasil. Não parei mais de estudar
sobre minha terra e a influência das culturas indígena,
africana e europeia em nossa formação”, diz.
As referências dessa brasilidade ele sempre procura
levar para seu trabalho como arquiteto. “Hoje, já
ME L I SSA JANNUZ Z I
Peças que contam tudo
sobre o Brasil e sua história
marcam o ambiente da casa
de Chicô Gouvêa, na Gávea.
À BRASILEIRA
MAGAZINE CASASHOPPING
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