Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  32 / 164 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 32 / 164 Next Page
Page Background

Como contar ao público a história pioneira de Janete,

uma craque em realizar exposições capazes de fazer o

público brasileiro e estrangeiro viajar pelo universo que ela

mais gostava, as raízes do nosso Brasil? Ninguém melhor

do que um de seus filhos – ela teve quatro, Claudia, Lúcia,

Mário e Roberta, todos arquitetos – Mario Costa Santos,

responsável pelo

retrofit

do museu, feito em apenas seis

meses. Ele começou revelando as paredes de pedra da

construção do jeito que a mãe faria: como se fossem char-

mosas ruínas iluminadas. “Inicialmente,

eu tinha pensado em fazer as paredes com uma cor

‘matuta’. Azul-anil, rosa, barro, tons que o matuto gosta

de usar. Só que quando começamos a derrubar, descobri

que eram de pedra, numa mistura de óleo de baleia com

terra e barro, muito usada no século XIX. Não, não vamos

cobrir essas paredes, vamos descascar e revelar todas,

porque eu quero a verdade do museu”, conta Mario.

Iluminador, museógrafo e curador da exposição inaugural

“Janete Costa, um olhar”, desde que o museu foi aberto

em novembro de 2012, Mario tem um desafio pela frente:

aumentar o acervo permanente que ainda é pequeno.

“Vamos fazer uma grande exposição sobre a vida de Janete

ainda sem data no ano que vem. Uma exposição que vai

gerar um acervo permanente”, anuncia Mario. “Para mim

foi uma honra fazer o projeto, realizado na gestão do pre-

feito Jorge Roberto Silveira. Rodrigo Neves, atual prefeito,

também abraçou a causa do museu. Tiramos as paredes

com uma engenharia sofisticada e o apoio de uma estrutura

metálica para que elas não caíssem. Ele tem tudo o que

um museu precisa para cumprir seu objetivo de estimular

a cultura popular: sala para

workshop

, reserva técnica, sala

para restauração além de uma museografia coringa com

estantes, cubos, vitrines que podem ser aproveitados a cada

novo evento”, afirma o arquiteto, que fez a primeira expo-

sição com 140 peças, a maior parte da coleção de Vilma Eid,

da Galeria Estação, de São Paulo.

De “A Arte Casual” (1985), no BANERJ, passando por

“Viva o povo brasileiro” (1992), no MAM, a “Do tamanho

do Brasil” (2005), no SESC, Janete era uma artista da

exposição. “Fiz muita curadoria e muita montagem de

exposições junto com ela, que era convidada por vários

museus no Brasil e até mesmo no exterior. Ela, responsável

pela curadoria, e eu, pela museografia, a cenografia da

exposição”, lembra Mario Santos.

Na casa de Janete Costa, segundo Mario, as coisas

ecleticamente conviviam, com a arte popular tão valorizada

quanto a contemporânea ou a moderna. Era unha e carne

com Roberto Burle Marx, cujo atelier chegou a projetar e

decorar. “Apaixonados por arte popular, falavam-se dia-

riamente. Roberto sempre gostava de ouvir a opinião dela

sobre seus quadros. Eles eram viciados um no outro, tro-

cavam figurinha. Tenho uma escultura de arte popular que

pertenceu ao Roberto, do Maurino, um escultor mineiro,

discípulo do Aleijadinho, só que com um certo humor. Ele

faz um santo, mas é um santo que tem uma cara mais bem

humorada. Nada circunspecto”, recorda Mario, que acom-

panhou a mãe em suas viagens pelo interior do Nordeste.

MAGAZINE CASASHOPPING

32

• •

perfil