

Janete começou sua campanha pela arte e pelo artesa-
nato popular nos anos 1960. Gostava de arte moderna,
de arte antiga e usava isso como uma forma de entrar
na casa das pessoas com mais dinheiro. “No início”,
diz Mario, “falar de arte popular causava estranheza,
parecia pobreza. O discurso era: por que você em vez de
colocar uma lixeira de plástico não põe um cesto, que é
muito mais bonito? Ele não vai poluir, porque ele mesmo
se desfaz, é matéria orgânica. E as pessoas diziam: mas
isso estraga rápido. E ela: ‘que bom, você vai comprar
outro e vai ajudar o artesão. É para se desfazer rápido
mesmo, mas é lindo enquanto existe’”.
Ela começou com objetos utilitários, como o cesto,
a rede, o tear manual, jogos americanos. “Em São Paulo,
na exposição ‘O Artesanato como caminho’, na FIESP,
mostrou que o artista popular e o artesanato, com uma
boa curadoria, na verdade criavam um pré-design.
Expôs brinquedos, carros, ônibus, maquetes de parque
de diversões, pratos, bules, talheres, explicando que os
designers mais importantes do mundo bebem nessa
fonte”, conta Mario.
Para Mário, estamos num momento em que nossa
arte está sendo exportada porque o mundo precisa
de coisas exclusivas feitas à mão. “Existe um movi-
mento na Holanda do design especial e não industrial,
ou seja, o design nasceu com a indústria e agora faz
o caminho inverso, o do design feito com as próprias
mãos do designer num atelier, em pequena escala”, diz.
“Estamos andando na contramão da história do design
e o consumo, hoje, tem que ser inteligente, consciente e
sustentável”, completa.
O carrossel brasileiro de Janete Costa tem sombrinhas e
paredes coloridas em cores matutas com direito a cavalo
trazido de Portugal.
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