MAGAZINE CASASHOPPING
88
DOS POEMAS SUMÉRIOS AO RÓTULO DE ADRIÀ, UM ROSÁRIO
DE HISTÓRIAS BEM TIRADAS E DE DESIGN COM COLARINHO
GASTRONOMIA
T
ecnicamente, a cerveja é uma bebida fermentada de cereais, espe-
cialmente a cevada. Foi assim no início, quando inspirou a poesia dos
hititas e celebrou o funeral dos grandes faraós. Mas a simplicidade
do preparo fica por aí. Basta olhar a imensa quantidade de estilos de cerve-
jas que passaram a tomar conta do paladar de quem busca um bom copo
– e estava acostumado com a latinha dos supermercados. E basta também
checar a importância com que passou a denominar os cardápios de bares
especializados, alguns tão caros quanto os de um grande vinho – e todos
tão complexos que justifiquem um sommelier.
A origem da palavra cerveja estaria no francês “cerveise”, registrada por
Benoît de Sainte-Maure, no livro Ducs de Normandie, de 1175. Há quase um
milênio, portanto. De lá para cá, as antigas fórmulas ganharam os palada-
res do lúpulo, com bons amargores e refinados aromas, que dividiram esse
mundo de colarinhos em produtos tão distintos quanto a “stout” inglesa
e a “lager” alemã ou a “pilsen” tcheca e a festejadíssima “abadia” belga.
Até o início dos anos 90, contavam-se poucas cervejas de qualidade,
especialmente quando a procura ia fora círculo inscrito por Alemanha,
Bélgica, Holanda, Dinamarca e Tchecoslováquia, da Inglaterra e da Alsácia.
Algumas exceções vinham da Austrália e de um pequeno grupo de cerve-
jarias artesanais americanas. Conhecidas no
trade
como
craft breweries
,
essas pequenas empresas dedicadas ao artesanato no copo beneficiavam-
-se de uma tradição reforçada pela lei. Tanto na Inglaterra quanto nos
Estados Unidos, qualquer um pode fazer a sua própria cerveja doméstica,
para seu consumo e dos amigos. Só não pode vendê-la. Assim, todo um
comércio de maltes originais e de lúpulos modernos se disseminou pelo
mundo, levando consigo os estilos da moda.
