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ROLLING STONES

Wair de Paula, Jr.

Ando entusiasmado com algumas criações minhas recentes – como o ambiente acima, para mostrar a mesa Quadrifoglio, desenho de Giorgio Bonnaguro para a Móveis Arti, disponível na Novo Ambiente. É que as vezes meu maximalismo dá uma descansada, e crio espaços mais limpos, e isto demanda uma sobriedade pétrea que não faz parte da minha personalidade...rs. E, falando em pedras, este tampo é maravilhoso, com seu desenho que remete a um trevo de quatro folhas (daí o nome...), e eu adoro mármores, granitos, quartzitos e quetais. Suas características únicas fazem com que duas mesas de igual fatura sejam diferentes, e este é um aspecto do design que muito me agrada.

Vejam o exemplo acima, este revestimento cujas placas medem 10 x 30 cm cada, num acabamento chamado “silver black”, disponível na Vilarejo Conceito. Dá a impressão de uma fotografia aérea de uma grande pedreira, e essas linhas de profundidades distintas, e essas pequenas massas mais intensas constituem um padrão fantástico. Não sei o porquê, mas este revestimento me lembrou o solo lunar, lugar onde quase ninguém esteve, mas cujo ideário remete imediatamente a este padrão. Esse revestimento é extremamente sofisticado apesar de sua aparente rusticidade, e essa loja ainda oferece um portfólio de produtos bastante vasto e diversificado.

Não dá para não perceber a passagem do tempo no tampo desta mesa, também da Novo Ambiente, e não se emocionar com a força da natureza. Essas pedras levam décadas, séculos para adquirirem esta estrutura, e eu me espanto quando ouço um cliente querendo um tampo de pedra “lisinho”, quando a beleza destes está justamente na informação imprecisa que eles proporcionam através de cores e pigmentos dos mais diversos, criando formas dinâmicas dentro destes padrões.

Como que para comprovar minha tese e meu gosto, a Artefacto colocou em seu show room no Casashopping uma mesa imensa com tampo de pedra, e este tem um desenho forte, deslocado do centro, mas que parece rebatido, quase um Teste de Rosrschach (aquele onde olhamos para imagens ambíguas feitas de manchas de tinta, e temos que descrever o que vemos em cada imagem).

Este tampo é tão bonito, que tive que dar um close para mostrar o desenho desta mancha ocre/amarelada, essas intercorrências da natureza me fascinam. Tenho a impressão de que foram necessários séculos para que este bloco adquirisse essas colorações, sedimentadas ao longo dos anos, fruto das mais diferentes colaborações da natureza. São a prova de que a natureza é um processo em constante mudança, e isso me atrai muito, tanto estética quanto conceitualmente.

Também da Artefacto, este conjunto de mesas de centro de forma orgânica, sendo que um deles recebe o complemento luxuoso de uma espécie de “garra” em fibra vegetal, num belíssimo e insólito desenho. Eu achei linda essa mistura, a forma contemporânea inusitada, esse volume quase vegetal “mordendo” o tampo sólido. Um belo e intrigante desenho, executado à perfeição, como é a tônica desta empresa. E eu rezo por mais produtos como este, que provocam, instigantes...

Às vezes conseguimos copiar a natureza à perfeição, como prova esta placa de Porcelanato da Portobello. O porcelanato é uma criação dos ceramistas espanhóis e italianos, e começou a ser produzido recentemente, na década de 1980. Inicialmente importado, hoje já é fabricado no país – e a Portobello é um dos nomes fortes no setor. Ele leva argila em sua composição, mas elementos nobres como a porcelana e o feldspato são misturados a ela, e são queimados em fornos cujas temperaturas superam os 1200 graus Celsius. Como resultado, obtêm-se um revestimento com superfície mais homogênea, denso e bastante resistente.

Ainda na Portobello, encontrei esse “moodboard” de formas, cores, texturas e acabamentos da marca, e achei bastante assertivo. Mostra de forma didática o conceito da marca em oferecer um produto diferenciado, com uma variação muito grande de formatos, tamanhos, cores e texturas. Para vocês terem uma ideia, a placa da foto anterior mede pouco mais de 250 cm de comprimento, uma dimensão impensada poucos anos atrás. Claro que eu fiquei tentado a montar “meu” próprio moodboard, mas resisti bravamente. Eu adoro compor este tipo de padrão visual, me lembra os jogos de montar que eu tinha quando criança, sou capaz de perder horas fazendo isso...

Na Pro Up encontrei essa dupla de mesas de centro ultra simpática, versátil até a última curva. Uma em pedra, maior, com uma padronagem linda, e a outra em madeira, num acabamento de microtextura, compondo uma solução muito elegante. Eu gosto destas composições de formatos, acabamentos e alturas diferentes, deixa o living mais dinâmico, possibilita mudanças de toda forma, e aceita “anexos” dos mais diversos – outras mesinhas, puff, baú, o que a imaginação permitir. Num futuro próximo vou expor este tema em outro post, adoro estas misturas que são uma solução recente e bastante contemporânea.

E termino este post com esta maravilha, desenho de meu amigo Luciano Santelli, executada em um material muito especial, uma espécie de quartzito de tom bordô com veios claros e verdes, lindo lindo. Esse verde deriva da Olivina, um mineral raro que geralmente se forma em profundidades significativas, tornando-o extremamente valioso. E esta mesa tem uma pureza quase monástica em seu desenho, ela parece ter sido moldada, não torneada e lapidada, tamanha a suavidade de suas curvas e linhas. Luciano já fez uma mesa linda para a coleção da Ovoo, em quartzito verde, que já postei algumas vezes aqui neste blog, mas esta tem uma elegância escultórica que me deixou literalmente de queixo caído, e com uma certa invejinha de não ter pensado nesta forma tão simples e tão sofisticada antes. Mas a César o que é de César – Luciano pensou antes, e merece os parabéns por ter criado um produto tão elegante e tão único.

 

No meio do caminho tinha uma pedra, já disse o poeta. Neste post temos muitas, e todas desejáveis, o que é muito melhor...

 

Wair de Paula Jr.

 

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