Já citei aqui o mestre Oscar Niemeyer, no que tange ao seu apreço pelas curvas (em contrapartida à linha reta). Eu sempre fui adepto das misturas, não tenho dogmas muito fechados em relação ao nosso universo, a não ser a ética, a originalidade  e a qualidade – tanto do projeto, quanto dos produtos. O ambiente acima, criado por mim, espelha um pouco este dogma – com a mesa de jantar Ampulheta, do acervo da Ovoo, como peça central de um hall de entrada de proporções generosas, eu abri mão de meu cotê barroco e ornamentalista para criar um cenário limpo, onde curvas e linhas retas convivem em harmonia. Eu adoro essa mesa – tanto que a tenho em minha casa, numa versão oval e numa madeira escura. Os volumes de seus pés são precisos, em um equilíbrio maravilhoso, discreta mas de alto poder decorativo.

A última SPArte, importante feira de arte do setor, dedicou uma área significativa ao design, e a Breton fez bonito com sua participação neste evento. Um stand elegante, de onde eu tirei a foto acima – pois simplesmente me apaixonei por esta mesa de centro em metal e vidro, design de Fernanda Marques exclusivo para a marca. Orgânica, leve, sensual e absolutamente original. Um abuso, de tão linda...

Assim como a foto acima, um ambiente simplesmente deslumbrante proposto para mostrar a luminária Bossa, desenho de Fernando Prado. Essa luminária se apresenta em várias cores e tamanhos, e tem um sistema de mudar a saída da luz extremamente inteligente e prático. Fui jantar na casa de meus amigos Pimpa e Humberto, recentemente, que utilizaram esta luminária em sua mesa de jantar, e garanto – a luz que emana desta luminária é extremamente benéfica, ficamos com traços “suavizados” – prova da máxima que “design é mais sobre como funciona do que como foi desenhado”. Do magnífico acervo de peças da Lumini, uma loja linda de nosso shopping.

Não podia deixar de citar o espaço que Lenora Lohrisch e eu fizemos para a Casa Cor Rio 2023, cheio de curvas em todos os aspectos. O teto era curvo, lindo. Os pórticos elegantemente emoldurados em rosa e azul, e aproveitamos esta estética dominante para propor este sofá suavemente curvo, feito para a Vivence, um primor de conforto e acabamento, em perfeito match com a poltrona do mestre Niemeyer, do acervo da Arquivo Contemporâneo, sobre o tapete cheio de curvas (baseado nos projetos e desenhos de Roberto Burle Marx, nosso paisagista maior) feito com esmero, qualidade – tenho certeza – muito carinho pela equipe de minha amiga Bia Letieri, da Avanti Tapetes. Como este era um ambiente com mutas aberturas e passagens, optamos por utilizar móveis orgânicos, curvos, para que o caminho fosse mais natural. Deu certo...e meu amigo Denilson Machado, que fez a foto acima, interpretou nosso espaço com uma precisão inabalável.

Como já assumi aqui ser maluco por tapetes, eu literalmente pirei no tapete acima, da última coleção da Avanti. Uma sucessão de curvas que lembra algo sedimentado ao longo de tempos, como uma ágata ou malaquita, de resultado fascinante. Que bom que deixamos de pensar nos tapetes apenas nas formas retangulares e quadradas, e que o mercado absorveu esta liberdade. Confesso estar querendo propor um espaço só para poder utilizar este tapete, em grandes dimensões, como ponto focal do ambiente. Ele merece...

A poltrona Abbraccio, design Pedro Mendes para a Relicário/Uultis, também é outro produto que lembra a passagem do tempo – me lembra meus estudos de topografia na faculdade, com as curvas do solo sendo marcadas, como se tivesse sofrido a erosão dos ventos e chuvas ao longo dos tempos. Um magnífico trabalho de marcenaria, criando uma peça que já se manifesta como icônica.

Mais tapete? Sim, não resisto...Este eu fotografei na vitrine da Nature Design, numa tarde de ótima conversa com um dos donos desta marca. Este trançado intrincado, fruto de um estudo intenso, novamente me remete ao tempo – o mito grego de Penélope, a esposa de Ulisses, que devido a uma promessa (se o Rei não voltasse da guerra antes de terminar, ela teria que escolher outro pretendente), tecia o tapete durante o dia, e à noite o desfazia, para poder ganhar mais tempo – na esperança de que o Rei retornasse. Tapetes sempre me lembram deste mito...

Da última coleção da Lider, pincei a poltrona Friso acima, desenho da dupla Lattoog. Seus pés têm uma suavidade impressionante, reforçados tanto por seu desenho curvo, quanto pelas linhas sulcadas ao longo destes. E esta poltrona ainda oferece um conforto que salta aos olhos, mas – recomento – tem que sentar e aproveitar este conforto, que não é apenas explícito, é fruto de um design e construção impecáveis. Eles ainda oferecem sua versão em cadeira de mesa, igualmente bonita e confortável.

E termino com um sonho de consumo – a luminária Taccia, do mestre Achille Castiglione, que a desenhou unto com Pier Giacomo, um produto da marca Flos que encontrei na Dimlux – aqui, em foto do espaço de João Panaggio para a Casa Cor Rio 2023.

Esta luminária foi desenhada em 1962 – ou seja, seis décadas atrás – e continua moderna, tanto por seu desenho quanto por sua solução técnica, que propõe diversas intensidades de luz, dependendo de como se manipula sua cúpula de vidro. Uma daquelas peças que fazem a diferença em um espaço.

Um passeio pelas curvas dos produtos do nosso Casashopping – esta foi a proposta. E aproveite para curtir a sombra sob “nossa” onda carioca, fruto da ousadia de nosso fundador, o querido amigo Luiz Paulo Marcolini, um homem que ousou fincar os pés na Barra da Tijuca décadas atrás para construir o que se tornaria um dos mais belos shoppings de decoração do planeta.