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Burle Marx. Recentemente, especialistas do escri-

tório percorreram o Aterro com o jornal O Globo

constatando um estado de abandono lamentá-

vel. Lagos secos, árvores importantes sumidas e o

famoso Jardim das Ondas, que reproduzia o cal-

çadão de Copacabana perto do MAM, desfeito.

Sem falar no coreto de linhas leves – de Affonso

Eduardo Reidy, hoje um abrigo de moradores de

rua – e o Museu Carmen Miranda fechado.

Projetado por Affonso Eduardo Reidy, o MAM

chegou primeiro na área. “Ao aglutinar influências

de Agache, Corbusier, Lúcio Costa e Niemeyer e

adicioná-las às próprias ideias, Reidy transformou-

-se em uma síntese do arquiteto modernista que

domina projetos, que variam da casa ao parque,

da escala do detalhe da escada ao planejamento

urbano, sempre permeados por uma visão progres-

sista e social”, lembra Carlos Murdoch.

Ao observarmos a planta geral do parque de 1965,

percebe-se claramente o perfil de umpeixe, de ondas

e de um barco a distância na Baía de Guanabara.

Num interessante artigo para a revista Vitruvius,

Claudia Girão detalha todo o projeto do parque,

mostrando como Reidy foi cuidadoso e fez questão

de testar todas as possibilidades, chegando a enviar

o primeiro projeto para o Laboratório Nacional de

Hidráulica de Portugal para ver se era viável.

Segundo Ana Luiza Nobre, professora do

departamento de arquitetura e urbanismo da

PUC, Reidy teve a sensibilidade de articular a

ideia do museu escola defendida por pessoas

como Niomar Muniz Sodré (dona do jornal

Correio da Manhã) e Carmen Portinho. “Na

ocasião, a ideia de que a arte tem uma fina-

lidade pedagógica já estava em gestação com

exemplos como o MASP – Museu de Arte de

São Paulo. Com o projeto arquitetônico, Reidy

articulou escola e arte. Um projeto ambicioso

num momento em que o Rio de Janeiro deixa

de ser a capital do país com o plano de Brasília

em curso por volta de 1956 e 1957”, conta

Ana Luiza.

O MAM representou, segundo a professora,

um investimento enorme na modernização do

Brasil e virou âncora desse parque fantástico

que, infelizmente, hoje está se distanciando

da cidade. O grande mérito de Reidy é fazer

uma arquitetura em constante relação com

a cidade. Com enorme sensibilidade para a

topografia, ele criou no MAM um chão con-

tínuo sempre em relação com a cidade. O

Pedregulho, um conjunto habitacional em São

Cristóvão, é outro exemplo. Ele constrói a pai-

sagem. Suas obras não são isoladas e sempre

abrem espaços de articulação com a geografia.

São generosas. O que não é muito frequente

no Rio atual. Neste Rio de crise, que falta faz o

Reidy!”, lamenta Ana Luiza. • •

Foto: Acervo MAM

Foto: Acervo MAM

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