

“Para Gira, aprendi
com o Pai Marcelo
o gestual de
cada entidade”
E
xu, o mais humano dos orixás, inspirou o Grupo
Corpo em “Gira”, que acabou de receber o prêmio
de melhor espetáculo de dança da Associação
Paulista de Críticos de Arte em 2017. O tema, tão atual
nesses dias de intolerância religiosa, foi proposto pelo
grupo musical Metá Metá, autor da trilha sonora. Longe
do estereótipo, o Exu de “Gira” se manifestou na co-
reografia contemporânea de Rodrigo Pederneiras, com
momentos emocionantes com os bailarinos dançando ao
som de um solo de sax.
Artista da iluminação, o diretor do Grupo Corpo,
Paulo Pederneiras mostrou no palco o embate entre
luz e escuridão com bailarinos ao fundo cobertos com
um véu negro em contraponto com as transparências
iluminadas e dinâmicas das saias no figurino de Freusa
Zechmeister.
Coreografia, cenário, iluminação e figurino entram
numa simbiose mágica nas apresentações do Corpo,
que nasceu em 1975, em Belo Horizonte, entrando
em cena com jeito brasileiro de dançar. No ano
seguinte, o grupo encenou “Maria Maria”, com
música de Milton Nascimento, roteiro de Fernando
Brant e coreografia do argentino Oscar Araiz.
O balé ficou seis anos em cartaz e percorreu 14
países. Sucesso que permitiu a inauguração de uma
sede própria em 1978, na Avenida Bandeirantes 866,
quando Rodrigo Pederneiras estreou como coreó-
grafo com “Cantares”, ao som da trilha criada por
Marco Antonio Araújo, violoncelista da Orquestra
Sinfônica de Minas e grande talento da música ins-
trumental mineira.
“O tema não é escolha minha e vem sempre da
música”, diz Rodrigo Pederneiras, que assumiu a core-
ografia em 1981. “Nós sempre convidamos músicos
e, dessa vez, o Paulo, depois de ver um show do Metá
Metá, em Belo Horizonte, decidiu chamá-los. Eles
deram a ideia de falar sobre Exu”.
Foto: Sharen Bradford
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