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OchosQuebradas, volta aoarcaico longedas convenções

No plano privado, a casa Ocho Quebradas (2013) é uma

obra-prima, quase um totem neolítico encravado na costa

agreste de Los Vilos, em Coquinho, no Chile. A arquitetura

é feita de três volumes: um vertical que abriga os dormitó-

rios e banheiros, um baixo e horizontal com a sala principal

e a conexão dos dois, que é a chaminé.

Alejandro Aravena tem um toque especial para criar am-

bientes capazes de acolher atividades múltiplas. O prédio

da Novartis, Instituto de pesquisa biomédica em Xangai, foi

feito para estimular a interação. Cercado por uma flores-

ta de metasequoias, no térreo, fica o Centro de Fitness e

Saúde, um ponto de encontro de pessoas vindas dos ou-

tros edifícios. Na Fundação Jan Michalski, em Montricher,

na Suíça, ele bolou uma cabine suspensa e aconchegante,

própria para a introspecção dos escritores residentes.

Campeã em design participativo, a Elemental foi funda-

da por Aravena, em 1994, e faz questão, segundo o ar-

quiteto, de “começar seus projetos o mais longe possível

da arquitetura”. Ele lecionou em Harvard entre 2000 e

2005 e, nos últimos dez anos, fez parte do júri do prê-

mio Pritzker. Arte ou não, a arquitetura de Aravena tem

marcado presença na solução criativa das necessidades

humanas mais básicas, a tal ponto que este ano ele será o

curador da Bienal de Arquitetura de Veneza.

O arquiteto, de 48 anos, é casado com uma brasileira e

esteve com ela e as filhas no Rio, entre 19 e 24 de julho do

ano passado para o Fórum Rio Academy. Na ocasião, falou

ao jornal “Folha de São Paulo”, quando defendeu com

paixão seu sistema aberto de moradia. Em 2008, apresen-

tou um projeto de casas populares para Paraisópolis, em

São Paulo, que não saiu do papel por falta de verba.

Uma floresta contra o tsunami

Quem for à exposição “Creation from Catastrophe”

(Criação a partir da catástrofe) no Royal Institute of British

Architects, em cartaz até 24 de abril, vai encontrar lá outro

dos projetos famosos de Alejandro Aravena: a reconstru-

ção da cidade de Constitución, no Chile, completamente

destruída por um tsunami em 2010. “Tivemos 100 dias

para definir como reconstruiríamos a cidade.

“Começamos conversando com os habitantes sobre

suas queixas e sonhos em relação ao lugar. Um aspecto

interessante dessa reconstrução, ainda em curso, foi a

maneira como o Elemental tratou a comunidade e a na-

tureza. A comunidade havia sido devastada por um tsu-

nami e por um terremoto, mas isso só acontece a cada

100 anos. Mas quando chegamos em Constitución,

descobrimos que havia inundação a cada 10 anos. Por

isso, o projeto tinha que apresentar uma solução a cur-

to e a longo prazo”, lembra.

MAGAZINE CASASHOPPING

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ARQUITETURA