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TEXTO: ANTONIA LEITE BARBOSA | ILUSTRAÇÃO: SILVANA MATTIEVICH

E

stou sempre buscando melhorias para as pequenas

coisas do meu dia a dia. Muitas vezes, um pequeno

ajuste na altura de um espelho, uma tomada extra,

uma prateleira a mais, transformar a relação com o am-

biente.

Cansada de ficar torta na cama lendo meus e-mails

de madrugada, enquanto o celular estava carregando,

pensei: por que a Apple não vende um carregador com

cabo mais longo. Descobri que existe a versão de dois

metros e comprei correndo. Minha cervical agradeceu

demais.

No box do meu banheiro, tenho um pouco de tudo

relacionado a banho: touca de cabelo que prende na

parede com ventosa; um apoio de pé para ajudar a ras-

par a perna; tapete de encaixe tipo de clube para não

escorregar; varal secador de calcinha; espelho antiem-

baçante; ganchinhos adesivos onde penduro escovinha

de unha, lixa de pé e pente de cabelo. E, para deixar

minha vida ainda mais organizada, um “Aqua Notes”.

Trata-se de um bloquinho de anotações à prova d’água

para que nenhuma grande ideia escape pelo ralo.

A grade que eu tiro e coloco na cama do meu filho

mais velho, todas as noites, passa o dia suspensa na

parte interna da porta da rouparia. Quebrei a cabeça

e precisei apenas de dois ganchinhos para desaparecer

com esse acessório pouco estético durante o dia. Na

parte de baixo dessa mesma porta, tenho uma escadi-

nha de três degraus (a coisa mais prática para dentro

de casa) presa por outro gancho. Mas essa eu tive que

mandar fazer um furo no metal por onde passa o gan-

cho. Nada que os meus amigos Orestes ou Francesco

não resolvam a toque de caixa. Tenho conta na loja

deles. Se passo duas semanas longe, quando retorno

eles comentam: “está sumida!”

Tenho obsessão com tomadas e descobri que mandar

instalar novos pontos não é nenhum bicho de sete ca-

beças. Quando passei a cafeteira para o aparador da

sala senti falta de uma. Três dias depois a obra estava

concluída. E também por ganchos. Tenho de vários ti-

pos e tamanhos espalhados pela casa: para pendurar

colares, vassouras, luvas de cozinha, tábuas de corte.

Assim como os ganchos, os adesivos também são

muito práticos. Controles remotos miúdos como os do

ar-condicionado e da Apple TV tendem a desaparecer

com facilidade. Comprei uma fita com velcro e passei

a prender todos na parede ou na lateral da cômoda.

As minhas três banquetas La Bohème, do Phillipe

Starck, de plástico rígido e vedado ficam na varanda e,

com as oscilações de temperatura, condensavam por

dentro. Pedi a minha amiga que entende tudo de acríli-

co Joana Angert para fazer um furo na base. Elas nunca

mais ficaram com o aspecto de embaçado.

Agora, a solução que eu dei para onde colocar os

aparelhos da TV a cabo, DVD etc. foi digna de arqui-

teto Casa Premium. Coloquei uma prateleira acima da

TV, numa altura que ninguém bate a cabeça ao passar.

Com isso liberamos a circulação entre o apertado espa-

ço entre a cama e a parede.

O barulho das cadeiras da mesa de jantar arrastando

no piso da sala me enlouquecia e mais ainda aquelas

bolinhas de feltro adesivas que se desprendem com

muita facilidade. Pesquisei na Amazon e descobri

“meias” para os pés da cadeira, em diversos tons para

ficar neutro combinando com a madeira.

A cozinha é um capítulo à parte. As panelas a gente

bem ou mal consegue guardar umas dentro das outras,

mas as tampas são um saco para armazenar. Descobri

um porta-tampa de parede e prendi ao lado do fogão.

Na mesa da cozinha tasquei rodinhas nos pés para fa-

cilitar a limpeza. Fiz o mesmo com a cômoda do quarto

de empregada. Panelas ao alto foi outro insight que

tive num dia de muita irritação abaixada tentando en-

contrar minha maior frigideira. Mandei fazer sob medi-

da um suporte lindo de teto onde elas passaram a ficar

penduradas.

Nunca encontrava uma caneta, quando precisava ano-

tar um recado às pressas. Adotei, então, uma caneta que

tem uma base adesiva e uma cordinha na ponta. Ela agora

fica presa na mesa da cozinha e dali ninguém tira.

Sou tão obcecada por soluções que facilitem o meu dia

a dia que passei a despensa para o hall de serviço, do lado

do elevador. Pude fazer isso por morar num prédio que

tem um apartamento por andar. Já não aguentava mais

ouvir reclamações do meu marido de que na despensa

tínhamos três vidros de mostarda, sete molhos de toma-

te, um exagero. Por não conseguir enxergar o estoque no

fundo do armário próximo ao chão, eu comprava mais do

que o necessário. Uma sapateira alta e pouco profunda,

com portas e muitas prateleiras, mudou a minha vida e

hoje permite que eu visualize tudo. Então, é isso. Se você

estiver precisando de um quilo de açúcar, já sabe, não pre-

cisa nem tocar a campainha.

MAGAZINE CASASHOPPING

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