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ARQUITETURA
MAGAZINE CASASHOPPING
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De acordo com sua experiência e instinto, quais serão
as próximas vias de desenvolvimento do design e da
arquitetura respeitosos do ambiente?
Eu acho que é fundamental olhar para todo o ciclo de
vida de nossos produtos e edifícios. A sustentabilidade
não deve ser limitada ao momento da produção, levando
em conta somente os processos, materiais e acabamen-
tos. Deve olhar também o momento de uso e – é aqui
que eu ainda vejo, um grande potencial de melhoramento
– até aquele em que um objeto ou edifício vai cair em de-
suso. Se formos capazes de implementar projetos exclusi-
vamente com materiais recicláveis ou descartáveis de uma
forma ambientalmente sustentável, então teremos dado
um grande passo adiante.
Escritórios em Milão e na China; projetos para clientes
internacionais. Quem é e o que procura o cliente de
Matteo Thun? Na sua opinião, nesta sociedade “glo-
balizada” os gostos, talvez até mesmo os desejos, se
tornaram um pouco estandardizados?
Trabalhando com empresas multinacionais, como a
Zwilling, podemos testemunhar como, felizmente, ainda são
necessárias soluções específicas para diferentes mercados.
Para nós, designers, este é um ótimo e interessante desa-
fio, porque temos que constantemente tentar encontrar um
compromisso convincente entre o que são os nossos crité-
rios, de um bom design, e quais são os requisitos funcionais
e estéticos de um público-alvo bem preciso. Dizendo isso, eu
já antecipei qual é o perfil dos nossos clientes: são empresas
que, por um lado, querem se envolver em um novo desafio,
através da abertura de um diálogo construtivo conosco. Ao
mesmo tempo, buscam um aliado que tenha vontade de co-
nhecer profundamente as suas capacidades produtivas e de
Vigilius Mountain Resort:
o projeto é vencedor de diver-
sos prêmios como o Wallpaper
Design Award 2004
distribuição, bem como as suas necessidades e seu público-
-alvo. A partir daí, abre-se uma parceria baseada na troca de
ideias. E, claro, quem me procura, também busca um certo
olhar estilístico, sustentabilidade, simplicidade e assim por
diante; coisas sobre as quais falamos anteriormente.
A imortalidade de uma obra, ou seja, a ideia de criar
objetos ou projetos arquitetônicos que atravessem o
tempo, é uma obsessão ou você é o tipo de pessoa que
convive bem com a ideia de temporalidade?
Pessoalmente, eu posso conviver facilmente com a ideia de
coisas efêmeras. Na verdade, eu dou mais importância a sa-
bores e odores, às experiências visuais, auditivas, afetivas do
que a bens materiais. Mas, no meu trabalho, como arquite-
to e designer, eu tenho fortemente em consideração a ques-
tão da durabilidade estética e do desempenho das criações.
Não é porque eu seja vaidoso, mas porque, caso contrário, o
discurso sobre a sustentabilidade ambiental seria inútil.
Em seu site, há a seguinte descrição: “Matteo Thun &
Partners é um brand para projetos arquitetônicos e
de interiores”. Mas, afinal, quem é realmente Matteo
Thun, o homem e o arquiteto? O que o apaixona e
quais ainda são os seus sonhos?
Quando o assunto é trabalho, certamente eu me defino um
arquiteto, mas essa é apenas uma das minhas facetas. Sou
do signo de gêmeos e, portanto, sou uma pessoa de alma
dupla, múltipla, o que torna a minha vida interessante, movi-
mentada. No passado, eu fui um apaixonado por asa-delta,
carros de corrida. Hoje estou mais calmo: eu amo estar em
lugares bonitos, entre a natureza, para me inspirar e sonhar
com aquela capela sem teto que eu gostaria de realizar, no
topo de uma montanha, dedicando-a ao Papa Francisco.
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