Minha sócia Lenora Lohrisch e eu fomos convidados pela Vivence para participar da Mostra desta marca, e decidimos fazer um living com jantar todo em tons de verde, e depois eu mostro as fotos do espaço principal. E tínhamos escolhido uma luminária assinada, linda, para cima da mesa. Mas, na hora H, um estalo conjunto – por que nâo colocarmos uma luminária de fibra vegetal, meio transparente, já que está à frente da vitrine, e não queríamos um volume visualmente muito compacto? Corremos para a Dracena Home, e eu literalmente saí carregando a luminária acima, que penduramos em minutos e atingiu perfeitamente o nosso objetivo. Esta peça tem um desenho intrincado, um volume interno e um externo de formas diferentes, de excelente resultado estético – e a luz neste espaço ficou linda. Com as cadeiras em couro verde da Vivence – e esta folha de cristal de rocha no centro da mesa, que foi feita por um artesão no interior de Minas Gerais – criou um diálogo leve, jovem e muito elegante.

E, pensando em artigos feitos de matérias primas assumidamente naturais, também da Dracena esta luminária escândalo, imensa, especial para alguns cantos que necessitem ser valorizados, ou super adequada para pés-direitos altíssimos. Esses aspectos de alta manufatura são muito especiais, não só esteticamente como também socialmente – valorizar este tipo de mão de obra, geralmente ribeirinha ou do interior do país, é muito importante hoje em ida. O design consciente exige esta tomada de posição, temos que valorizar a mão de obra de pequenos produtores / criadores. E, se eles têm a manufatura mas não tem o desenho, nos cabe orientar, para que seus produtos tenham uma maior aceitação no mercado, proporcionando assim uma melhoria de vida, tanto individual quanto de uma comunidade.

E, da Ilha do Ferro, vieram estas mesinhas rústicas, delicadas e extremamente elegantes, na vitrine que Mario Santos fez para a Dracena Home. Elas são todas singulares, únicas, um aproveitamento inteligente da matéria prima, com resultado muito elegante e original. E estas mesas não se restringem apenas a ambientes rústicos e/ou descontraídos. Eu misturaria estas com minha mesinha Saarinem de mármore preto, antiga, sem nenhum problema. Mas eu gosto deste cruzamento de origens, pensamentos, épocas. Considero que a casa é um universo vivo, que vai mudando ao longo de nossa existência, e a soma de artigos de épocas e origens diferentes seria a comprovação deste meu pensamento.

As fibras naturais podem estar presentes em nossa casa sob diversos produtos e aspectos, de revestimentos de parede a móveis, objetos, obras de arte. Ou tapetes, como é a prova da foto acima, tapetes em juta e algodão trançados, da Avanti Tapetes. Este trançado é muito sofisticado, remete à manufaturas ancestrais, só que hoje feito com o melhor da tecnologia. E, novamente, aquele assunto do cruzamento de épocas que resulta quase sempre em produtos muito especiais.

Essas lanternas da Tutto per la Casa são muito elegantes, práticas, podem ser carregadas de um espaço para o outro, em espaços indoor ou outdoor, e a luz provocada por este tipo de produto sempre é muito agradável. Aqui, novamente, o saber popular, não erudito, parece ter criado um produto elegante e sofisticado até o último trançado. Lembrando que isto é uma variação das lanternas populares, que já foram feitas de lata, de fibras vegetais, de um monte de matérias primas. Essa ressignificação do produto, sob a ótica do designer, é um exercício muito complexo, e, novamente, temos que olhar para a questão social por detrás do produto.

Os banquinhos / doublé de mesa lateral  Kawe acima, da linha da Artefacto Beach & Country, são pura beleza. Os que estão atrás lembram as bases que o escultor Constantin Brancusi fazia para suas obras, e esse desenho simples, e a manufatura extremamente bem-acabada, característica da marca,  reforçam o discurso de compromisso com a aparência dos materiais naturais, aqui sob uma ótica um pouco mais erudita. Como conheço os designer esta peça, sei que eles têm um repertório gigante, e talvez o escultor Brancusi possa ter sido a fonte de inspiração, apesar do nome que remete mais aos povos originários.

Da mesma marca, o banco acima (Arakan) é uma maravilha de tecelagem. Remete às redes de pesca, ou às armadilhas de lagosta que são feitas tanto no Nordeste quanto na Indonésia. Esse banco é muito, muito elegante, e não merece estar confinado apenas a espaços assumidamente descontraídos. Essa manufatura de alta qualidade se mescla facilmente a outras peças de design com muita facilidade – respeitando as sutis regras da proporção e da utilização de matérias primas extraídas de forma racional, claro. Mas é um banco inegavelmente belo.

O acervo de tapetes feitos com fibras naturais da Trama Tapetes é bastante grande. Aqui uma pequena mostra deste acervo, tons diferentes, fibras diferentes, tramas diferentes. Um tapete mais especial que o outro, eu que já assumi ao longo destes anos adorar tapetes de toda forma. E este produto hoje em dia oferece variedades quase infinitas, e estes com fibras naturais são especialmente elegantes e sofisticados.

E, apesar de serem fibras naturais, elas podem se apresentar em várias cores, como demonstra o mostruário acima. Não mais apenas o natural e o alvejado, como tínhamos no passado. Mas vermelhos, ocres, verdes e azuis estão presentes hoje em dia nas tramas destes tapetes, ou de outros produtos feitos com esta matéria prima. Eu já vejo isto em biombos sofisticados, baús, mesas de centro...a vantagem de um bom produto é a possibilidade de ter seu uso subvertido de acordo com a ótica do designer. E eu amo pensar nestas mudanças de uso de um produto sob outras perspectivas.

E. last but not least, volto à Artefacto, que foi uma empresa que iniciou sua história fabricando móveis de fibras vegetais. Atualmente, a linha de produtos desta marca é bastante abrangente, mas quando eles oferecem peças feitas de matérias primas naturais – como é o caso da poltrona acima, em uma espécie de taboa trançada – eles conseguem aliar design contemporâneo a manufaturas de origem ancestral. Este é o grande barato do bom design – se permite misturar essas influências. Os verdadeiros designers são pessoas munidas não apenas de um repertório pessoal, mas – e principalmente – pessoas que são verdadeiras esponjas, capazes de absorver toda e qualquer influência, de onde quer que ela venha.

Hoje mostrei um pequeno apanhado de produtos feitos com matérias primas naturais, disponíveis nas lojas do Casashopping. E, quando digo pequena, é porque as lojas estão cheias de produtos com estas características – e eu recomento que você venha ver “ao vivo”...

Wair de Paula Jr.