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Velha Infância

Wair de Paula, Jr.

Eu fui conhecer a nova loja Igui Conceito, de piscinas, recém-inaugurada. E ouço um menino de 6 ou7 anos falando com a mãe, com o rosto colado no vidro da piscina acima, e a frase era”...mãe, eu queria morar aqui, queria morar nesta piscina...”. Eu achei tão bonitinho o fascínio que a piscina tinha causada no moleque, ele estava tão maravilhado com aquele tanque d´água com uma luz que mudava de tonalidade, que era visível que ele realmente desejava morar aquele espaço. E é muito interessante ver os desejos infantis em sua essência, como se fora possível morar num espaço como este, por mais bonito e bem-acabado que seja.

Fiquei tão tocado por aquela cena, que fui olhar os artigos destinados ao universo infantil que o Casashopping oferece. E encontrei coisas que eu até usaria em minha casa, mesmo não tendo filhos. Eu usaria o tapete da foto acima, com essas “manchinhas” de cor, com muita propriedade. Parece que um pintor mirim se animou e espalhou tinta pela casa, durante o fazer de uma obra-prima. Achei estranhamente poético este tapete com esses pingos de tinta, que encontrei na Viquim Mini, uma marca especializada em serviços de design para crianças e/ou recém-nascidos.

Assim como essa caminha/casinha, com almofadas fofas e até uma janelinha do lado, também da Viquim Mini. Minha cama, quando criança, era uma cama de solteiro imensa, com uma cabeceira em madeira clássica, e uma colcha de chenile laranja que, embora fosse macia e quentinha, não tinha esse aspecto infantil, que parece provocar os melhores sonhos. E eu lembro do meu quarto na casa de minha avó, no interior de São Paulo, que tinha uma cama alta, em um quarto de pé-direito altíssimo, que me dava até uma certa sensação de estar meio perdido, tamanha a desproporção entre o ambiente e eu, à época. Uma caminha como a acima teria eliminado várias sessões de terapia futura...

Quando eu era criança, os livros infantis eram histórias quase de terror. Do lobo mau que comia a vovozinha, da Branca de Neve que comia uma maçã envenenada, da Sereia que tomava um veneno e quase morria para ter pernas, do gigante antropófago que morava no céu pelo qual se subia através de um pé de feijão igualmente gigantesco...nada que falasse de seus reais sentimentos, ou medos, ou anseios – como o livro acima, super bonitinho, que vi na livraria Paisagem Kids. Quase um livro de auto-ajuda infantil, da escritora Trace Moroney, aclamada internacionalmente por escrever e ilustrar livros para o público infantil que abordam um novo olhar para os sentimentos. Estes ajudam a construção de uma inteligência emocional desde a mais tenra idade, e isto é muito delicado. E fundamental para a possibilidade de um mundo mais sensível e justo.

Claro que eu pirei no livro acima, da mesma livraria – a autora espanhola Maria Isabel Sánchez cria livros infantis com um foco muito interessante, onde com sua serie Gente Pequena, Grandes Sonhos, explora a vida de pessoas notáveis. Não resisti e comprei o livrinho sobre David Bowie – mas ainda tinha sobre Coco Chanel, Marie Curie, Frida Kahlo, Albert Einstein e outras personalidades da história. Achei tão original que estou pensando em comprar o resto da coleção, embora não tenha filhos ou sobrinhos. Mas é um trabalho de extrema originalidade, e altamente benéfico para a construção intelectual das crianças.

Quando criança, eu adquiri um hábito que era o de ler deitado no tapete de casa. Este hábito é um dos poucos resíduos de minha infância, adoro ler sentado ou deitado sobre os tapetes de minha casa, só que hoje acompanhado de uma xícara de café ou um copo de Bourbon. E esse tapete, da Santa Mônica Tapetes, ultra macio e com um colorido alegre, me pareceu o ideal para ler os livrinhos acima. Acredito no poder da cor como incentivador da energia e da criatividade humanas, e esse tapete me fez lembrar de minha caixa de lápis de cor de 48 cores, que eu usava com muito cuidado, e que mantive por muito tempo – até que inventassem as canetinhas coloridas...

Esta cadeira em formato e padronagem de girafa, da Tinoc, é tão bonitinha que pensei por que não fizeram uma versão adulta desta...o mínimo de informação com o máximo de resultado, um móvel delicado porém robusto como se pede para crianças, com um desenho instigante e altamente decorativo. Não sei quem desenhou esta peça, mas foi de uma assertividade absoluta pelos meus padrões. Só não levei para casa pelo fato de que ela é, realmente, para crianças. Minha coluna não se adapta mais a este tipo de solução, infelizmente...

A esta altura, eu já estava me sentindo uma criança de cabelos grisalhos...e essa sensação é deliciosa. Não resisti ao pegar o ursinho que faz par comigo nesta foto, da mesma cor de minha barba.

Este ursinho é lindinho, fofo, e cara-metade adoraria, e eu até compraria se ele já não tivesse ursinhos demais para a idade. Fofo, dá vontade de ficar agarrado em busca da infância que já se foi há muito, um verdadeiro elo com o passado em forma de um ursinho peludo recheado de algum material macio. Sou do tempo em que meninos ganhavam armas de brinquedo, forte apache e coisas parecidas, nada que elevasse o quociente de sensibilidade. Aos meninos eram destinados brinquedos de conquista, de manifestação de poder, não de sensibilidade. Que bom que os tempos mudaram, quero crer que esta geração terá condições de mudar o mundo através desta mudança de paradigmas, destes novos processos de referências para o crescimento e amadurecimento pessoal.

Da nova coleção de papéis de paredes infantis da Orlean, os padrões acima são tão delicados que dá vontade de colocar em alguma parte de casa – num lavabo, num corredor, numa estante...os temas são variados, e os desenhos acima parecem incentivar a criatividade, de sensibilidade extrema e resultado elegante. Mas o desenho do papel abaixo me deixou...

Me deixou embasbacado. Era tudo o que eu queria ter em meu quarto quando criança. Eu sempre gostei de construir coisas (talvez por isso tenha me tornado designer, pois fazia todo o mobiliário das bonecas de minha irmã). Desenhava aeronaves, aviões estapafúrdios, invenções de toda forma, e esse papel que sugere como se construir um foguete espacial é absolutamente inspirador. Dá vontade de pegar uma canetinha e continuar o desenho, adicionando elementos, escrevendo orientações, um papel de parede realmente inspirador – não encontro outro adjetivo. Além de bonitinho, claro.

À saída do Casinha, a parte do Casashopping destinada ao universo infantil, ainda passei pelo Aventura Lab Park, onde vi as crianças acima brincando com jogos eletrônicos. Essa é uma realidade, as crianças atualmente ficam bastante tempo em frente às telas de computadores ou de tablets e celulares, ou por uma necessidade dos pais ou por uma questão de que a tecnologia é um manancial infinito  e sedutor de imagens e informações. Mas quero crer que o melhor de dois mundos – a tecnologia atual + a sensibilidade da arte – seja o caminho para a criação de uma juventude mais justa, humana e companheira.            

 

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