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Barbie World

Wair de Paula, Jr.

Eu estava refratário a fazer um post sobre o universo cor-de-rosa da Barbie, que está assolando o país em virtude do filme recém-lançado, até que entrei no Google para pesquisar sobre esta boneca. Surpresa...Eu sugiro que vocês façam o mesmo. A página do Google fica inteiramente rosa no exato momento em que se digita o nome da boneca. E se uma boneca de 64 anos consegue esse feito, tenho que me render à força desta entidade plástica e emocional.
Minha irmã não teve Barbie, mas sim sua antecessora, a Suzy, que tinha roupas para vestir, e alguns “modelos” diferentes, longe do universo super diversificado que o item mais conhecido da marca Matel apresenta hoje. E começo com esta imagem, onde aparece em primeiro plano o banco Toy, design da Dieedro / Jayme Bernardo, disponível na Way Design. Jayme é um arquiteto e designer de renome, e ter feito um banco com este caráter divertido e lúdico é prova de seu enorme talento.

O banco Toy se apresenta em duas versões – sentado ou em pé, como nesta foto. Ambos são muito simpáticos, conferem um caráter de descompromisso formal para com as regras vigentes que acho muito saudável. Na forma de banco, mesa lateral ou mesa de apoio, é uma peça absolutamente coringa, que acrescenta um quociente de juventude a qualquer ambiente. Eu adoro esta peça, tenho que colocar uma em minha nova casa...e está disponível numa variante de cores muito grande, o que possibilita o “encaixe” desta peça em inúmeros estilos de decoração.

A obra acima, uma gravura de Milton Dacosta, é insuperavelmente mais maliciosa do que toda a vida da boneca que originou esse post. Mas esta série deste grande artista nascido em Niterói, marido da igualmente grande artista Maria Leontina, é extremamente sensual – não apenas pelo tema, mas também – e principalmente – por causa da suavidade das linhas, quase contínuas. E nesta versão rosa é de uma sensualidade quase provocativa, transformando uma cor em um tema de alto erotismo. Embora eu seja um apaixonado pela fase mais concreta deste artista, esta peça acima estaria em meu acervo em lugar de destaque.

Ainda de Milton Dacosta, a gravura acima se insere neste universo róseo com muita propriedade. Esta poesia visual sensível, neste jogo inteligente de linhas e formas, é uma das características da fase mais conhecida deste artista. Embora sua fase construtivista seja considerada o ponto alto de sua carreira, não podemos desprezar o apreço que os jovens colecionadores têm por este segmento de sua obra. Talvez por causa do lirismo assumido, pela sensualidade explicita, essas obras ainda se manifestam muito fortes perante o lado cuja crítica situa como o ápice deste grande artista. Um período de sua obra é uma transição entre esse campo e o construtivismo, representando cabeças de forma quase matemática, formalmente muito interessantes e visualmente fascinantes. E eu adoraria ter uma obra deste período em minha coleção. Essas duas obras – e mais algumas deste artista – estão no acervo da Galeria Dom Quixote, que tem um acervo de peso em obras de papel, que geralmente são mais acessíveis para os nossos orçamentos, e igualmente valiosas.

É da minha amiga Roberta Banqueri o desenho da poltrona acima, recém-lançada, e brevemente no show room da Way Design. De formas abundantes, a poltrona Caju é um daqueles itens em que dá vontade de se jogar e lá ficar. Este é um item da coleção Tupiniquim, lançada por esta jovem e promissora designer, que – em virtude de ter vindo do universo do design de interiores – têm absoluta noção de que conforto é algo que não se explica, se sente. E a melhor forma de comprovar esta tese é – literalmente – deixando o corpo cair sobre esta poltrona, sem medos ou receios. E assumir que esta forma de encarar nossa casa é fundamental para uma ideia de lar, doce lar.

Ainda da Galeria Dom Quixote, escolhemos a obra acima, uma pintura sobre tela de autoria de Yugo Mabe, suave e poética. Yugo é filho do grande pintor Manabu Mabe, de quem herdou uma certa pincelada, mas com repertório próprio. E os inúmeros tons de rosa desta obra colocaram-na em perfeita sintonia com o assunto deste post. O artista conseguiu conferir um certo tom outonal à obra, com as folhas em inúmeros tons de rosa e alaranjados. Poético e muito mais suave do que o universo de toda a boneca que originou este texto.

Denominada como uma “Joia para a casa”, a peça acima é, no mínimo, insólita. Tem um caráter fashion e ao mesmo tempo clássico, na mistura de rosa suave com metal dourado, e deve ficar linda sobre uma mesa de centro de tampo escuro (eu gosto dos contrastes mais “contrastantes”...), ou sobre um tampo de mármore verde, para relembrar as cores da mais famosa escola de samba brasileira. Esta peça também ficaria linda pendurada em uma parede, como uma releitura das obras do Armarinhos Teixeira, o nome dado a um artista que tem como inspiração referências que mesclam formas orgânicas vistas nos oceanos e nas florestas. Como a peça acima, cuja inspiração deve ter sido também a mesma, disponível no show room da Ekko Home.

Oposto à imagem anterior, a obra Pink and Grey Gradiant Cubes, de Elisabeth Fredriksson, coloca os tons de rosa em uma escala geométrica radical, mas igualmente poética. Talvez o termo poético se estenda à quase todas as obras pintadas com essa cor, mas é inegável que é uma cor que transmite lirismo e tranquilidade. E esta obra está no catálogo de produtos da Urban Arts, junto à uma quase infinita variedade de obras nos mais diferentes estilos – vale a pena conhecer.

E terminamos o universo rosa com um ambiente cheio de móveis em rosa claro, da Brisa Casa. Num passado recente, eu fiz uma cenografia para uma marca brasileira de mobiliário de alto padrão, cujos móveis estavam cercados por cortinas curvas em degradê, impressas por uma grande amiga paulista e confeccionadas por outra grande amiga. O bom de se ter amigos no mercado é que eles entendem seu desejo – por mais maluco que possa parecer fazer uma cortina curva degradê – e o transformam em realidade, geralmente a duras penas, mas com resultados muito positivos. Assim como a cor escolhida para o ambiente acima, saindo da obviedade de um espaço bege ou verde ou azul, geralmente as cores escolhidas para móveis outdoor. O mercado atualmente oferece uma grande miríade de cores e acabamentos para o universo outdoor, e é fascinante ver que às vezes encontramos profissionais que aceitam ousar e mostrar uma vertente diferente para um universo geralmente insípido em termos cromáticos.

 

A Barbie fictícia, ao chegar ao mundo real, seguramente adoraria os itens que colocamos neste post. Seria uma forma de elevar o quociente de qualidade de design a um cenário cuja única característica é o uso da cor, e não da forma...

Wair de Paula Jr.

 

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