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O gosto de cada um. O gosto não retrocede

Wair de Paula, Jr.

O subtítulo deste post eu peguei emprestado do meu amigo Carlos Ferreirinha, cujo livro – “O Gosto não Retrocede” – tem um título que já diz tudo – realmente, o gosto não retrocede, nem com lobotomia. Lembro de um filme que adoro, a Festa de Babette, onde os moradores de uma ilha, acostumados com uma sopa insípida feita por duas beneméritas locais, não se “reacostumam” com esse prato depois de terem experimentado a deliciosa e magnífica culinária perpetrada pela Babette do título, e esta jóia do cinema é um pequeno tratado da fisiologia e da sociologia humanas. E eu pensei nisso pois bateu uma vontade imensa de um bolo de aipim, que Eduardo Machado levou para nosso carnaval em Angra, que ele comprou na Golden Sucos & Deli de nosso Casashopping (@goldensucosdeli). Eu ousei experimentar um similar em uma padaria em São Paulo, e...quanta frustração. Em nada parecia aquele bolo maravilhoso que alegrou nossas manhãs carnavalescas, frente àquele mar verde e céu azul de Angra.

Para mim, agora, existem duas categorias de bolo de aipim – antes do bolo da Golden Sucos & Deli, e depois deles. Meu gosto se acostumou com aquela textura perfeita, e o sabor doce na medida, sem excesso, e agora só quero este bolo de aipim, que acho que será difícil de ser superado. Mas, para quem não conhece a Golden Sucos & Deli, eles têm um cardápio ultra-variado, e eu adoro os “combos” que eles têm em seu cardápio – fora o sanduíche que abre este post, criminoso de tão gostoso, e que já contribuiu para alguns centímetros em minha outrora cintura...

E, se dizem que começamos a comer com os olhos, neste lugar esta prática é elevada a requintes de crueldade, pois tudo tem aparência apetitosa. Eu confesso ser o maluco do cheese-cake, iguaria que conheci nas Delis novaiorquinas em priscas eras, e que hoje frequenta as boas casas, e o cheese-cake da Golden Sucos & Deli tem aquele equilíbrio perfeito entre texturas, a cremosidade do creme de queijo combinada com a quantidade exata de geléia, e a massinha segurando todo esse conjunto – eu seria capaz de fazer um poema exaltando os valores de pratos como este, tivesse a capacidade de um Gilberto Gil de transformar o cotidiano em pura poesia. Neste ponto, um aparte – se você ainda não ouviu a música Quatro Pedacinhos, deste compositor divino maravilhoso, eu recomendo firmemente. Consegue fazer poesia com um exame médico, e isto é coisa de gênio.

Pulando do doce para a música, e em seguida, para outro gosto particular – não consigo morar numa casa sem flores e/ou plantas. Vivas, sempre, não condeno mas não consigo conviver com plantas artificiais. E devo ter uma boa mão para plantas, pois as orquídeas de casa duram muito, muito tempo, assim como as plantas que tenho em minha sala. Eu adoraria ter uma planta exuberante como a acima, perfeitamente equilibrada nos vasos da Organne (@organneoficial). Vasos destas proporções conferem potência ao ambiente, e não podemos esquecer das vantagens da biofilia, tema novo mas totalmente positivo para compor nossas casas.

E eu, como sou adepto da mistura, adoro quando um canto da casa é composto por vasos e plantas diferentes (como a foto acima, com vasos também da Organne), que parece que foram incorporadas à casa com a passagem do tempo. Eu gosto deste caráter “tempo” assimilado ao viver bem, acho impensável para mim uma casa totalmente pronta, eu acredito piamente nos conceitos de acervo e de um certo “more is more”, que inclui livros, arte, objetos e plantas, entre outras coisas.

Quando saí da casa de meus pais, nos longínquos anos 1980 e pouco, a primeira coisa que comprei depois de uma cama e coisas de cozinha, foi uma gravura. Nem tinha sofá ainda, mas já tinha uma obra na parede, e aquilo me pareceu muito lógico, pois eu muito cedo e espontâneamente me acostumei a usufruir da arte, e não concebo uma casa de paredes nuas, por mais arquitetura que possa ter. Não precisa ter a parede cheia como as minhas, mas é que tenho o DNA do colecionador, e a cada dia que passa, essa característica tem se revelado mais forte, só que agora buscando coisas com uma certa similaridade à minha coleção. E, se você é igual a mim, uma dica – a RJ Sign  (@rjsign), que tem um acervo considerável de obras de diversos padrões para você deixar sua parede mais bonita e, consequentemente, sua casa também. É inegável que o espaço acima não teria o mesmo charme com uma parede nua.

Até o mais cético tem que se dobrar ao valor de uma obra pendurada na parede. Elas têm o poder de desviar o olhar imediatamente quando se entra num espaço – ou, pelo menos, é esse o efeito que causam em mim. E na RJ Sign você vai encontrar os temas acima, ou vários, depende de seu gosto pessoal. Eu tenho me encontrado muito na fotografia e nos desenhos nos últimos anos, e boa parte de minha coleção se apoia nestes dois suportes. Tenho uma parede na minha sala que é basicamente um recorte de minha coleção, com desenhos, fotografias, gravuras, um desenho de 1800 e pouco e um relevo de parede. E, apesar de parecer extremamente heterogênea, ela é muito coerente, e passa bem os conceitos de meu gosto particular (se alguém estiver interessado nele fora eu, claro...rs).

Eu gosto de livros, sou da geração do impresso, e tenho uma biblioteca de respeito, basicamente dentro dos temas que me são caros – arquitetura, arte, design e gastronomia. Quando me mudei para o atual apartamento, doei cerca de 300 livros para uma ONG, mas não consigo me desfazer dos livros de arte, que fundamentaram meu gosto e meu intelecto. Desde muito cedo fui chegado em estantes, por causa disso – e lá vou eu para o passado de novo, lembrei-me que quando ainda morava na casa de meus pais, comprei uma estante em junco e vidro para colocar em meu quarto, e que hoje estaria absolutamente up to date, dentro das estéticas vintage tão em voga. E a estante acima, da Vivence (@vivenceinteriores) é linda de matar. Ela tem aquele desenho presente, e se já é linda vazia, imagina cheia de livros e objetos.

Essa loja, a Vivence, me é cara por alguns aspectos – primeiro, seu dono, o querido Murilo, e sua fiel escudeira Fabiana recebem na loja como se estivessem em casa, com carinho e atenção. E segundo – eles têm um bolo maravilhoso nesta loja, e eu não resisto a esses carinhos, confesso. Fora o acervo de móveis impecáveis, como a poltrona acima, de design atemporal, daquelas peças que mostram o cuidado do dono com sua casa. Eu já disse aqui nesse blog ser o maluco das poltronas (junto com tapetes e vasos), por mim teria uma sala do dobro do tamanho, com inúmeras poltronas diferentes, dos mais diferentes estilos e nas mais diferentes matérias primas, e essa acima seguramente estaria em meu acervo, pois conjuga as características que considero ideias neste móvel – conforto, qualidade e design.

E, já que voltei ao tema vasos, estes acima, da Organne (@organneoficial) são simplesmente maravilhosos. Têm uma aparência de peça descoberta de alguma escavação no fim do mundo, uma certa unicidade que sempre me atrai, e eu fiquei maluco por estas peças – de tal forma que vou ver se consigo alguns para meu espaço na Casa Cor Rio, este ano, que estou fazendo com minha sócia Lenora Lohrisch. Nosso ambiente será totalmente contemporâneo dentro de uma caixa absolutamente clássica, e essa mistura eu considero muito atual, eu que sou um adepto de peças das mais distintas eras e origens. Afinal, sou um homem do meu tempo, com um pé no passado e o outro no presente, mirando o futuro – acredito que isso me mantém intelectual e espiritualmente jovem.

 

Bem, esse post queria falar sobre uma questão de gosto. Gosto cada um tem o seu. E li uma frase, tempos atrás, que dizia mais ou menos o seguinte: “Gosto um pouco mais da verdade quando sou eu que a descubro, e não outro que me a mostre.” Pois gosto é um dogma indecifrável, pessoal e intransferível. E não retrocede, jamais.

 

Wair de Paula Jr.

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