Recentemente, o Casashopping promoveu uma palestra, direcionada aos lojistas, sobre as principais tendências em nosso meio. E se falou bastante sobre o Metaverso, essa realidade paralela que volta e meia aparece em matérias na internet e nas páginas físicas das revistas e jornais. Por enquanto não vimos, ao contrário das principais marcas de moda,  nenhuma marca do mercado de design lançar produtos específicos para/no Metaverso, nenhum NFT (tradução de Token Não Fungível) apareceu ainda em nosso meio. Mas os criadores se utilizam das plataformas para mostrar seu talento em vários campos, fazendo com que eu perca algumas horas de meu dia verificando projetos não executados mas super criativos, como as casinhas de gato que ilustram este post.

O Metaverso permite isso, a criação sem limites de forma e/ou conteúdo, e isso vai reverberar  no universo físico mais cedo ou mais tarde. As casinhas para gato acima são uma prova do nível ilimitado que se pode direcionar a criação – tenho certeza de que Eugênio, o gato de cara-metade que agora habita minha casa, se divertiria com uma das casinhas (das várias que o perfil @design.therapyy mostra em seu perfil no Instagram) acima, lúdicas, coloridas, quase inexeqüíveis, porém maravilhosas.

Imagine que você está construindo uma casa, poderosa como a da foto acima. Com um mexer de comandos, você pode ver como ela ficaria toda clara, com todos os produtos que você precisa para morar,

Ou escura, como na foto acima. Estes recursos estão na mão dos melhores profissionais, e seguramente dão mais segurança à escolha de produtos, cores e acabamentos. Se no passado demorávamos horas ou dias para fazer uma perspectiva, hoje este tempo foi consideravelmente diminuído graças à esta tecnologia.

Claro que ainda demora para se montar digitalmente um ambiente como o acima – eu tive uma experiência recente, para uma marca de móveis brasileira, onde fiz com o auxílio de um profissional de excelente gabarito vários renders, e o mais complicado : um ambiente todo em realidade aumentada, para ser visto com óculos de realidade virtual. Criar um ambiente onde você pode quase que interagir com ele – os óculos permitiam que você literalmente passeasse pelo ambiente – é dificílimo, e foi uma grata experiência para este ser ainda analógico.

E é uma delícia se imaginar as possíveis mudanças de cores e acabamentos, com alguns simples comandos – como fez a especialista acima (para quem se interessar, o perfil dela é @bampi.3dstudio). Dá vontade de ficar testando infinitas cores e acabamentos, é um universo provocativo por excelência. Provavelmente teremos consultores de vendas aptos e habilitados para promover este tipo de interação com o cliente num futuro próximo – infelizmente isso exige computadores com programas pesados e complexos. Mas é uma utopia que em breve deixará de sê-la. E eu adoraria ter os requisitos necessários para promover esta mudança.

No campo do design de produtos, as possibilidades já são infinitas. A partir de um croquis básico ou um simples rabisco, se pode “criar” a cadeira acima, eliminando um sem número de processos técnicos e/ou criativos neste fazer digital. Isso, sem contar que já temos impressoras em 3D que possibilitam literalmente a construção de vários produtos e/ou elementos construtivos – o futuro já chegou, não é mais um ideal distante. Ao mercado caberá absorver esta tecnologia mais cedo ou mais tarde.

Aqui, vou ilustrar de forma didática um dos usos desta tecnologia. Esta é uma foto de minha casa, com a poltrona LC Chair de Charles Eames em um belíssimo couro já velho, gasto. Eu adoro-a assim, deste modo, ela parece mostrar a história do dono da casa (no caso, eu...rs), onde horas se passaram lendo um bom livro ou apenas bebendo e ouvindo música, coisas que faço comumente nesta poltrona. Mas, consideremos que eu quisesse mudar o acabamento da poltrona, retirando este couro histórico por outros acabamentos...

Poderia revesti-la num tecido camuflado (uma das opções mais interessantes que eu vi na rede), ela se encaixaria perfeitamente na minha casa apesar da estampa quase alegórica. Mas dá para ter uma noção perfeita do produto com esta opção de revestimento.

Ou, se quisesse mostrar minhas referências estéticas, fizesse ela com um padrão a La Mondrian, com suas linhas pretas e espaços em cores fortes. Partindo dessa premissa e dessa foto, qualquer tapeceiro de qualidade (isto é fundamental – a qualidade de execução de qualquer item de casa é primordial) poderia executar à risca o projeto. E novamente – se ter uma idéia muito real de como vai ficar um produto é uma certeza da escolha ou não dele no projeto.

Este universo ainda permite a criação de produtos lúdicos sem compromisso com a realidade, como a poltrona acima, que remete aos blocos Lego. É um manancial infinito de possibilidades, o que só aguça o senso criativo e a imaginação e eu sempre gosto de pensar que, quanto mais criativo for o ser humano, menos ele estará propenso a dogmas radicais e posições extremadas. A criação  quase que ilimitada, se direcionada para o belo e para o ético, pode ser a salvação deste mundo.