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Desvio para o vermelho

Wair de Paula, Jr.



Niemeyer, assim como Lina Bo Bardi, raramente inseriam cor em seus projetos. Quando o faziam, como no caso do Museu de Arte Contemporânea de Niterói acima, a cor escolhida era o vermelho. As colunas do MASP, projeto icônico de Lina Bo, são duas faixas vermelhas imensas e robustas que fazem com que este museu se destaque ainda mais na Avenida Paulista.

Já no design de interiores...foi difícil encontrar projetos que utilizassem essa cor com toda a personalidade que ela exige. Eu lembro que o arquiteto Luiz Fernando Redó tinha feito a casa de Beki Klabin toda vermelha, mas não encontrei nenhum arquivo visual deste projeto, infelizmente. Redó era um craque com as cores, e quem viu disse que era maravilhoso.


 
Não entendo o medo das pessoas em usar esta cor dentro de casa. Olhem o exemplo acima: sofás, mesa, tapete e lustre em vários tons de vermelho. Original, elegante, chic até a medula...


 
A residência de Diana Vreeland, a papisa do bom gosto (foi editora-chefeda Vogue e da Harpers Bazzar), quase que espelhava o temperamento forte desta mulher elegante e exótica, cultuada no mundo todo pelos apaixonados por moda. Vermelhos em profusão, estampas sobrepostas, objetos de épocas e culturas diferentes, uma grande profusão de informações distintas que resultaram num espaço único, particular.


 
Tá. Tem receio de transormar sua casa numa filial do corpo de bombeiros? Faça uso desta cor em elementos, como no belo quadro acima, do acervo da Fast Frame (@fastframe). O ambiente, neutro, quase sem graça, ganhou muito com o acréscimo desta obra na parede. 


 
E que tal esse tapete da Santa Monica (@santamonicatapetes)? Faixas em diversos tons de vermelho, aqui sendo higienizadas pela própria empresa, que oferece esse serviço – indispensável hoje em dia, quando as questões de higiene e sanitização da casa estão sendo re-valorizadas. 


 
As cortinas, colcha e almofadas  da Guilha (@guilha_) mostram que é possível ser tradicional usando esta cor. Aqui, a mistura de tonalidades e padronagens conferiu uma dinâmica muito elegante ao quarto de uma casa na serra. Gosto muito...



Segundo o instagram da Regatta Tecidos (@regattatecidos), esta é uma prata da casa – a clássica cadeira de varanda ou utilizada nos decks dos navios antigos, numa versão mais contemporânea. É cool, é jovem, se encaixa em várias situações dentro de um projeto, perfeita para curtir o dolce far niente.



A Coleção ANA – Arte Nativa Aplicada, da Ville Marie (@lojavillemarie), utiliza-se dos desenhos indígenas para sua coleção de poucas cores mas muito resultado. O tecido ao fundo, que parece uma pintura corporal, em vermelho e preto, é extremamente elegante. Já imagino um hall de entrada todo forrado com este tecido, iluminação precisa, e um dos cocares de meu acervo no meio da parede. Ficaria lindo...



O arremate e o corrimão desta escada de vidro é uma linha continua vermelha (lembra um pouco a rampa de Niemeyer na primeira foto). Esta solução deu suporte ao vidro presente tanto no guarda-corpo como nos degraus, obra da Sttone Revestimentos (@sttonerevestimentos).



E, last but not least, o classic sofa Chesterfield vermelho, aqui em frente à uma belíssima parede igualmente vermelha.  O Revolution Velvet, da Orlean (@orlean_official) foi o escolhido para esta foto, que demonstra claramente que vermelho é uma cor para bravos. Ousados. E que tem domínio das cores, caso contrário fica parecendo mesmo uma filial de um Corpo de Bombeiros...

P.S. – o título deste post é uma referência à uma obra de Cildo Meirelles, Desvio para o Vermelho, um ambiente todo nesta cor, que atualmente está no acervo do Museu Inhotim, em Minas Gerais. Vale a pena ver...

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