Tenho um imenso fascínio por espaços onde o branco é a força visual predominante. E digo fascínio porque é isso mesmo – eu fico prestando atenção aos detalhes, à composição, às texturas – e faço tudo isso por achar pessoalmente dificílimo fazer um espaço com uma palheta tão reduzida. Os espaços brancos são meu calcanhar de Aquiles profissional...
Não sou eu na foto acima (é alguém com muito mais cabelo...rs), mas essa seria minha postura perante este ambiente. Admiração, avaliação, uma quase devoção profunda por esta cor que, cientificamente falando, é a soma de todas as cores. Talvez por isso seja tão difícil – o branco tem embutido em sua alma todas as cores do universo.
Eu provavelmente pensei neste post pois estou absolutamente influenciado por um trabalho que fiz semana passada, todo baseado em brancos e sombras – acima, uma foto do making off, mostrando a magia provocada por galhos secos e uma iluminação estudada e precisa. O resultado foi surpreendente, estranhamente glaciar, poético e romântico. Eu gostei muito, e quem me contratou gostou mais ainda.
Quando vi a foto acima, lembrei do trabalho que fiz – só que aqui é um papel de parede assumidamente sombreado, em infinitas matizes de cinza e branco, do portfólio de produtos da Orlean (@orlean_official). Garanto que eu fiz o trabalho citado antes de ver esta foto...mas seria uma ótima fonte de inspiração. Mas, voltando ao tema branco...
Vejam que beleza o Studio acima. Infinitas matizes e texturas de branco somados à materiais naturais e um pouquinho de brilho (dourado, que aquece o ambiente), e o mármore ao fundo da cozinha remete imediatamente ao fundo da foto que eu fiz com a sombra dos galhos. Eu não sei como colocaria todos os meus livros neste espaço – livros provocam cor, e iriam quebrar a belíssima monotonia visual deste espaço.
O mármore da bancada desce para as primeiras gavetas, e a diferença de texturas nas portas cria uma interessante e muito delicada dinâmica neste espaço. É trabalho de profissional dedicado, pois criar esta atmosfera apenas com texturas e nuances muito delicadas é extremamente difícil.
Aqui, em outro apartamento, os brancos (sim, vários tons de branco) recebem apoio de sutis detalhes pretos, e muitas texturas expostas em matérias primas naturais (como o tapete de lã, a almofada, as paredes de madeira). E essa divisória de vidro é um artifício inteligente, que divide o espaço sem prejuízo do conceito total.
Notem a sutileza destas proporções – o piso natural, a marcenaria e boiserie brancas com detalhes do metal preto e os armários em lâmina de madeira muito clara – literalmente “amarram” todos os componentes em uma única diretriz.
E o quarto, extremamente chic e confortável, leva esse conceito à uma potência de alto nível A parede é linda, a cama convida ao descanso, e os elementos negros minuciosamente espalhados pelo ambiente fazem com que este quarto convide o usuário a ficar muito tempo nele.
Em suma – fazer um espaço total White não é fácil. Mas os resultados podem ser maravilhosos, como prova este post.
15/abril/2022