O Muro de Berlim (ou Berliner Mauer, em alemão), foi mais que um simples muro – foi o símbolo da Guerra Fria. Construido em torno da parte ocidental da capital alemã, este não apenas dividiu fisicamente a cidade, como também se tornou a imagem da divisão ideológica entre duas forças antagônicas : o bloco ocidental, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco oriental, liderado pela então denominada URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
E, em novembro deste ano, comemoram-se 30 anos da queda deste muro. Em 1989, pressões e protestos feitos pela população (aproveitando a queda do império soviético) , que queriam a reunificação do país, culminaram com um dos atos mais significativos da história do século XX – cidadãos das duas partes de Berlim, munidos de marretas e outros equipamentos, puseram abaixo várias partes do muro, um muro que dividia uma cidade e uma população.
Este fato histórico foi o mote para este post. A queda de um muro inspira um assunto sobre a construção de novos muros – paradoxal, eu sei. Mas as ligações que nossa mente faz são mistério para os estudiosos de altas patentes, portanto não vou explicar o que não consigo – vou apenas mostrar o que os novos muros protegem, ou exibem...
Eu adorei esta solução – um muro inspirado nos muxarabis (ou nas treliças de palha das cadeiras antigas, escolha a fonte de inspiração). Infelizmente, a cerca elétrica acabou com a estética deste muro - mas este é um sinal dos tempos, em que vivemos cercados, encastelados, literalmente murados. Mas – tirando este elemento, seria um belíssimo muro.
Este muro tem a minha cara. A solução utilizada para muros de arrimo foi elevada à uma potência estética elevadíssima, em ótimo contraponto com os trechos em madeira vazada. E, como vemos no segundo bloco de pedras, as plantas ainda podem tomar conta deste espaço, de forma controlada ou não. Uma grande solução, original e muito contemporânea.
Aqui, os volumes dos muros, empenas, lajes e colunas são fruto de uma arquitetura sólida e elegante, com planos lisos, sobreposição de volumes e um interessante jogo de texturas.
Acima, e abaixo, duas soluções super atuais – o muro verde. O de cima é mais arrojado, com uma mistura colorida de flores e plantas, com volumes distintos, ligeiramente caótico, e muito legal. A solução abaixo é mais dramática, com claros e escuros muito definidos, mas de igualmente moderno. E a grande sacada dos muros verdes, é que eles estão sempre mudando, em constante variação de cores ou intensidades, dependendo da estação e das plantas colocadas. E ainda ajuda na acústica da cidade, pois ele absorve e “abafa” um pouco os ruídos da cidade. Nota 10.
Abaixo, mais uma daquelas soluções que adoro. A madeira rústica em pequenas toras, o muro preto, a vegetação exuberante, os planos entrecortados – trabalho de precisão de elementos, de pesquisa de materiais, coisa de quem sabe o que está fazendo, e fez bonito.
E, finalmente, mais um daqueles projetos que ousam da mistura de elementos, estilos e épocas – o muro que lembra um cobogó, mais a entrada de madeira ripada e o pé direito alto da entrada formam um conjunto dinâmico e moderno, porém atemporal.
O muro de Berlim deveria ser derrubado mesmo. Além de toda a questão sócio/política de exclusão, e do que ele representava, ele não tinha o charme dos muros acima...
Wair de Paula Jr.