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Heterogeneidade das construções reflete as

discrepâncias socioeconômicas nas favelas cariocas

A

s casinhas de sapê fazem lembrar o cená-

rio do filme “Orfeu Negro”. Sessenta

anos após a filmagem do clássico do

cinema, vencedor do Oscar de Melhor Filme

Estrangeiro de 1960, ainda resistem no alto

do morro da Babilônia, na Zona Sul do Rio de

Janeiro, construções que parecem de outro

tempo. São exceções. Casas e prédios feitos

com tijolos, concreto e com esquadrias de

alumínio predominam na comunidade, que

ficou famosa também por outro filme memo-

rável: “Tropa de Elite”. Já no alto da Rocinha,

restos de guarda-roupas e outros pedaços de

madeira encontrados pelo meio do caminho

formam as paredes de um casebre. Telhas de

amianto mal encaixadas fazem as vezes de

teto. É difícil imaginar que habitações precá-

rias como essa ainda existam na comunidade,

onde, em meio às vielas, também é possível

encontrar prédios de até dez andares, com

piso de porcelanato, e imóveis de alto padrão

técnico, semelhantes às moradias de classe

média do subúrbio. Tal heterogeneidade das

construções é uma característica marcante das

favelas cariocas, capaz de chamar a atenção

até de quem sempre morou por ali, mas se

espanta ao se deparar com novas moradias

de extrema pobreza ou com imóveis que, de

puxadinho em puxadinho, fogem à lógica

clássica da arquitetura.

“Recentemente, descobri uma parte da

Rocinha que nemeu sabia que existia. É impres-

sionante ver as casinhas de madeira no meio da

mata”, conta Rafael Gomes, de 25 anos, que há

21 mora na comunidade.

MAGAZINE CASASHOPPING

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