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Thiago Bernardes seguiu o caminho do pai

inspirando-se no jeito caiçara de viver, cons-

truindo com o mínimo de impacto ambiental.

“Trabalhamos a partir de reinterpretações con-

temporâneas dessa arquitetura local, fazendo

coexistir novas construtivas inovadoras com solu-

ções sustentáveis e adequadas ao ambiente da

região. Ao usarmos grandes beirais, varandas,

painéis de sombreamento, não estamos apenas

acenando a elementos históricos, mas também

tirando proveito máximo das suas performances

ambientais”, afirma Thiago.

O encantador de ventos em Búzios

Um dos segredos das construções de Búzios,

segundo Octavio Raja Gabaglia, é a escala. “Por

que as pessoas amam Búzios? Por causa da

escala e da ergonometria. É uma cidade que te

abraça”. Para ele, foi um golpe de sorte preservar

Búzios. “Primeiro vieram os Sampaio e os Rocha

Miranda, sobrenomes de peso no Estado do Rio,

pessoas de alto nível cultural, que não fizeram

pirâmides em sua própria honra e adaptaram as

casas dos pescadores para veraneio”, conta.

“Por que a Dona Maria Rica veio para a casa

do seu Quindim Pescador?”, continua Octavio.

“Porque a casa é boa e o orgulho dos pescado-

res. O vento vem do mar rompendo. Quando

encontra a praia, sobe e desce 20, 30 metros

mais para dentro. É nesse espaço, que o pescador

constrói, por isso as casas são baixas. Se fossem

altas, fora desse espaço, o vento entrava e escu-

lhambava a vida de quem lá morava”, observa

Octavio que, em seus projetos, aproveita a venti-

lação em pátios internos arejados e vãos maiores.

No início não havia loja de material de constru-

ção. “Comprávamos das fazendas que se adequa-

vam ao Proálcool, enormes peças de demolição de

madeira e telhas antigas de cerâmica”, recorda o

arquiteto, que terá seu trabalho contado no livro

sobre a arquitetura de Búzios, organizado pela his-

toriadora da arte Christina Gabaglia Penna.

“Octavio tem no DNA a construção do coletivo”,

afirma Christina. “Encontrou na paixão por Búzios

sua vocação. Cresceu, aperfeiçoou uma harmonia

e um estilo na centena de projetos que fez para

veranistas, mas fez também uma maneira de

conviver, formou muita gente. Ele é Búzios”, diz

a historiadora, explicando um dos personagens

mais queridos da cidade, principal responsável por

preservar o gabarito de dois andares, que depois

foi seguido por vários arquitetos.

Petrópolis Cenográfica

Petrópolis surgiu da cabeça do engenheiro Júlio

Frederico Koeler e, segundo o arquiteto Marcos

Bittencourt, do INEPAC – Instituto Estadual do

Patrimônio Cultural –, “de uma vontade antiga

de estabelecimento de uma residência de verão

da família imperial”. A criação da cidade de Pedro

está associada ao Decreto nº 155, de 16 de março

de 1843, comemorada como seu aniversário.

“Koeler ocupou, de forma inteligente, e, mesmo

cenográfica, a paisagem natural do território con-

tribuindo para valorizar a sua expressividade”,

afirma Marcos Bittencourt que continua “As edi-

ficações voltam-se para os rios, integrando-os na

paisagem urbana, e os lotes (denominados pra-

zos) são extremamente profundos, subindo pelas

encostas cuja vegetação deveria ser preservada

e, com ela, as diversas nascentes que existiam na

região, garantindo o abastecimento de água.”

Nesse espaço urbano, o arquiteto destaca

o Museu Imperial, a Catedral São Pedro de

Alcântara, o Palácio de Cristal, a Casa da Princesa

Isabel, que têm maior significado visto em har-

monia com o ambiente que os cerca. “Na entrada

da cidade, o antigo Hotel e cassino Quitandinha

impressiona pela presença cenográfica no vale”,

explica. Um clima hollywoodiano decorado pela

americana Dorothy Draper.

A arquitetura moderna teve um papel significa-

tivo a partir do final da década de 1940, especial-

mente em direção a Correias, Nogueira e Itaipava.

Marcos Bittencourt cita as casas projetadas por

Alcides da Rocha Miranda na Av. Ipiranga, por

Oscar Niemeyer para a mulher de Vinicius de

Moraes, na Avenida Barão do Rio Branco, em

frente ao Palácio de Cristal, e a sede do SENAI assi-

nada pelos irmãos Roberto, na Avenida Bingen.

Vanda Klabin cita o complexo arquitetônico

da Samambaia como símbolo do fim do estilo

colonial e o início da modernidade, marcada por

charmosas

brises

para controlar o sol em facha-

das de amplas janelas e ritmo próprio. O pai,

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