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“Tenho ouvido sempre ‘você tem ido muito a Portugal,

por que não abre alguma coisa por lá?’. Acho que o

mercado de arte ainda é meio fictício, e os galeristas

portugueses já o suprem. Mas como meu marido, Nino

Camanho (economista e empresário), no momento tem

ido com alguma frequência por ter cidadania portuguesa,

eu o acompanho, mas quanto a abrir algum negócio,

acho que ainda não. Já estou representando um artis-

ta português, o João Louro, que, na última Bienal de

Veneza, era o artista do pavilhão de Portugal, um nome

muito importante. Na verdade, essa ideia está meio enga-

tinhando. O que percebo é que quem vai para Portugal

não são pessoas que estão começando a vida – são pes-

soas indo definitivamente e levando suas próprias coisas.

Então, essa expectativa de que vai vender muito não é

verdadeira; estou pensando em mostrar artistas brasi-

leiros para os portugueses. De imediato, é o que quero

fazer nessa ponte aérea. Estou de olho: ano que vem,

tenho vontade de entrar na Arco (Feira de Arte) para

sentir, mas, como eu disse, não acho que seja um grande

mercado, tanto que a Fortes Vilaça, que é uma superga-

leria, abriu um gabinete (como eles chamam) para sentir

o que está acontecendo em Portugal.”

“Estou adorando trabalhar em Portugal. Na minha

opinião, os pontos altos são a língua e a receptividade

dos portugueses; outro é o acesso a todos e quaisquer

produtos e móveis europeus com um preço bastante

diferente do que pagamos no Brasil pelos produtos

importados. É uma chance de usarmos design de

qualidade incrível. A mão de obra também é muito

boa, mas melhor que tudo é a cultura, a educação e o

profissionalismo dos europeus – é o que faz o trabalho

se tornar muito agradável. O fato de o meu projeto ter

um estilo atemporal, sem modismos, também faz com

que os meus clientes no Brasil queiram me levar para

trabalhos lá. E arquiteto é igual a médico: é de família.

Com tanta tecnologia, levar o arquiteto-do-coração

acaba não tendo muito custo. Estou com alguns pro-

jetos de cariocas que foram embora definitivamente e

de outros que passam temporada por lá. No meu caso

pessoal, é como misturar férias e trabalho. Mas trocar o

Rio por outro país, seja ele qual for, jamais: eu e minha

família temos laços fortes com a nossa cidade, que anda

sofrida, eu sei, mas sempre vou tentar contribuir no que

puder para que as coisas melhorem por aqui, que é o

lugar que mais amo no mundo.”

• • Luciana Caravello

galerista

• • Erick Figueira de Mello

arquiteto

Foto: Bruno Ryfer

MAGAZINE CASASHOPPING

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• •

Lu Lacerda