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Movido por arroubos delirantes, esmera-se em “O Discreto Charme da

Burguesia” (1972), uma sátira social sublinhada de absurdos que levou

Oscar de melhor filme estrangeiro. O último suspiro cinematográfico de

Buñuel, “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1976), pode ser interpretado

como um autorretrato da velhice diante dos apelos da carne, da

juventude, da potência criadora.

Um acervo de obras que deu régua e compasso para o que a Espanha

produz de melhor na atualidade, com Pedro Almodóvar consagrado

como maior expoente. Em passos largos, começa sua marcha produtiva

durante La Movida Madrileña, um renascimento cultural pós-ditadura

de Franco. E é descoberto pelo mundo nos anos 1980, com “A Lei do

Desejo”, protagonizado pelo então jovem ator Antonio Banderas, que

vive na tela um romance homoafetivo.

Daí para frente, Almodóvar conquistou plateias com seu peculiar estilo

de filmar. Sofistica o brega, elabora tramas novelescas e personagens

extravagantes, acentua dramas que parecem extraídos de folhetins. É

cômico no limite do exagero estético, cultua o

pop

, valoriza cenografias

alegóricas, combina na mesma cena sagrados e profanos. E faz tudo isso

com a maestria de quem domina seu ofício.

Da sua galeria de filmes hilariantes, “Mulheres à Beira de um Ataque de

Nervos” (1988) é um sonoro “olé” cinéfilo. Na contrapartida, quando é

dramático concebe obras arrebatadoras. “Tudo sobre Minha Mãe” (1999)

conquistou em Cannes o prêmio de melhor diretor para Almodóvar e o

Oscar de melhor filme estrangeiro. Seu trabalho seguinte, “Fale com ela”

(2002), uma trama forte, incomodativa, rendeu mais um Oscar para sua

estante na categoria melhor roteiro original.

Enfim, histórias de cinema que compõem um mosaico genuinamente

latino. Cada um a seu modo, Portugal e Espanha ecoam arte, inventividade

e emoção para plateias de diferentes mundos, unidos pela devoção à

sétima arte.

• •

Tão extravagante quanto dramático, Pedro Almodóvar delineou uma

narrativa cinéfila própria, autoral e levou ao estrelato artistas, espanhóis,

como Antonio Banderas e Penélope Cruz

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