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GRAFISMO
MAGAZINE CASASHOPPING
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“A proposta de Aloisio de usar moiré no Cruzado Novo
impressionou os ingleses, porque a técnica ainda estava
sendo estudada na De La Rue. Como pronunciar o nome
Aloisio era difícil, eles o chamavam de George. Quando
‘George’ apresentou o projeto do Cruzeiro Novo com
as técnicas que sugeriu, os ingleses não acreditaram
que pudesse ter alguém no Brasil tão visionário”, conta
o design e arquiteto Rafael Rodrigues da PVDI, escritó-
rio de design fundado por Aloisio Magalhães em 1960.
A entrada de Aloisio Magalhães na equipe da Casa da
Moeda conferiu um valor maior ao papel do designer no
processo de produção de cédulas e moedas no Brasil. Hoje
a equipe que desenvolve os projetos de cédulas e moe-
das conta com 12 profissionais, entre arquitetos, artistas
plásticos e designers, mas todos com foco em design. O
trabalho desse time, composto por funcionários do Banco
Central e da CMB, também é coordenado em conjunto
pelos dois órgãos do Governo Federal.
Desde 1988, essa equipe é formada por profissionais
selecionados em concurso público. A supervisora da
Seção de Projetos Artísticos e de Originais da Casa da
Moeda do Brasil conta que, apesar de esses profissio-
nais terem formação em Desenho Industrial, com es-
pecialização em comunicação visual, e Artes Plásticas,
com especialização em pintura, o universo do design do
dinheiro é um mundo completamente novo para eles.
A efígie da república em arte de Aloísio Magalhães,
na nota de 1 cruzeiro, de 1970
Atualmente, o design das cédulas brasileiras é desen-
volvido em conjunto pelo Banco Central do Brasil (BC) e
a Casa da Moeda do Brasil (CMB). O projeto envolve di-
versas etapas, como definição da temática, das caracte-
rísticas físicas, dos elementos de segurança e, finalmen-
te, a execução do projeto gráfico. A partir da definição
dos temas e imagens e demais parâmetros do projeto,
os projetistas da CMB elaboram os desenhos, fundos de
segurança e gravuras que irão compor as cédulas.
“O curso para a formação é dado na própria Casa da
Moeda, onde eles têm contato com técnicas e software
que valorizam os elementos de segurança. Mas a for-
mação em design é muito importante para conferir aos
projetos a harmonia entre os itens de segurança e o
desenho que estampa as cédulas”, explica Millie.
A valorização do design no processo de confecção de di-
nheiro em todo o mundo culminou com a criação, em 2010,
da International Banknotes Designers Association, a IBDA.
Totalmente focada no trabalho de designers de notas, a en-
tidade é uma associação sem fins lucrativos, com sede na
Suíça e a missão de representar cerca de 250 designers de
cédulas ativos em mais de 70 países. De acordo comMillie, o
estudo de cédulas existe há muito tempo, mas as discussões,
até a criação da IBDA, nunca foram tão específicas e focadas
no papel do design.
No detalhe, o antigo produtor das notas
brasileiras, o Bank of America
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