Thorpe e um de seus ajudantes, nas ruas de Dacar
O trabalho com a Husk
envolveu muitas parcerias, tanto
a da comunidade de
pescadores do Senegal quanto
do cliente e da Fabrik, que
criou as texturas especiais
Nesse design, duas facetas de seu trabalho: a inclusão
de comunidades em que dá mais do que a participação
em suas produções e o reconhecimento aos locais em que
busca inspirações para as suas pesquisas. A peça em análi-
se é a poltrona Husk, desenvolvida para a italiana Moroso,
dentro da linha M’Afrique, com filamentos em aço que
simulam uma rede de pesca. A inspiração veio dos pesca-
dores de uma comunidade próxima a Dacar, no Senegal,
onde ele contratou mão de obra local para que pudessem
imprimir o estilo de trançado único. “Foi um trabalho que
envolveu muitas parcerias, tanto a da comunidade de pes-
cadores quanto a da equipe da Moroso, que se mostrou,
especialmente, encantada com a evolução das texturas
que desenvolvemos”, explica Thorpe, que apresentou as
peças no Salão do Móvel de Milão, em 2015.
Apesar da técnica dos pescadores e de seu artesanato, o
que guiou Marc Thorpe na linha M’Afrique não foi tanto
o mar, mas a terra. O milho, especificamente, foi a sua
inspiração quando visitou uma série de plantações na área
de Udine, no extremo nordeste da Itália. Da forma do mi-
lho, ele deve a sua estrutura cônica reproduzida em toda
a linha, seja nas poltronas simples, de desenho mais curto,
seja nas obras mais artísticas, com encosto mais alto. Em
todas elas, o desenho das folhas (em inglês, husk) do ce-
real foi a inspiração para a forma com que as braçadeiras
envolvem o assento e, claro, quem senta.
“O desenvolvimento da peça não trouxe somente uma
solução de mobiliário mas também um novo conceito de
tecidos e de uso de cores”, comenta Marc Thorpe no fil-
me que desenvolveu para apresentar a linha Husk. É nes-
se ponto que a expansão das parcerias que invoca mos-
tram a sua amplitude. “Foi um projeto que, na realidade,
iniciou-se em 2011, quando desenvolvemos um padrão
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