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No Balanço

Wair de Paula, Jr.

Nosso post anterior me inspirou deveras. Me levou a tempos menos emergenciais, onde a fruição deste era mais intensa e, paradoxalmente, menos perceptível. As redes sociais, Whatsapp e outros aplicativos tomaram conta de nossas vidas de tal forma, que parece estarmos fisicamente fixados a estes aparelhos que nos conectam com coisas nem sempre muito necessárias e/ou imprescindíveis. Mas acredito que uma das funções do design é nos conectar com estas questões mais profundas, com essas necessidades realmente básicas de nossas vidas.

Vejam o exemplo acima, este balanço, design de Bruno de Carvalho exclusivo para a Arquivo Contemporâneo – não nos remete imediatamente aos balanços da infância? Com desenho ousado e proposta extremamente original, consegue através de seu desenho nos levar para outras instâncias, outras épocas, e este é o grande diferencial do bom design – nos transportar para outros momentos, outras realidades. O mestre Steve Jobs já sentenciou – “Design não é apenas o que se vê e o que se sente. O design também é sobre como funciona...”. E este balanço funciona como uma verdadeira máquina do tempo emocional, não é apenas uma poltrona confortável e lúdica, tem todo um processo de construção do produto não explicitado de pronto. Mas basta se sentar nele, e a infância parece voltar.

Este produto acima não é um balanço, obviamente. Mas balança suavemente ao menor movimento da água, um dos vários que estão no portfólio da Hio, especializada em produtos para outdoor – e que também podem migrar facilmente para dentro de casa, característica que eu prezo muito. Mas esse colchão grande, imenso, flutuando sobre uma piscina no final da tarde é um verdadeiro sonho de consumo – prático, leve, e eu me deixaria ficar bastante tempo nesta “cama” outdoor, pensando em como a vida deveria ser mais tranquila, num ritmo menos intenso...E tem um componente lúdico, flutuarmos na água é um sonho recorrente difícil de realizar (para quem não mora à beira do Mar Morto, claro...).

Ainda dentro do universo lúdico aplicado ao design, este balanço, da coleção da Way Design, tem essa aparência de casulo, onde a gente pode se aninhar e ver o tempo passar com outra dinâmica, outra velocidade. Eu as vezes penso que algumas decisões que os mandatários de nosso país – ou deste planeta – deveriam ser tomadas com todos sentados em balanços. O suave movimento que estes proporcionam cria uma sensação de calma muito necessária a estes tempos urgentes, aflitos e nervosos.

Do portfolio de produtos da MAC, de meu amigo Arthur, retirei o balanço acima, outra releitura dos balanços infantis, extremamente delicado, esteticamente impecável, e de tamanho perfeito para um canto da casa, seja na varanda, seja na sala. Este produto tem um desenho incrivelmente simples, uma sacada genial da marca, e entrega tudo o que é proposto – qualidade, conforto e um uso muito divertido. Alguém já disse (não sei quem e nem sei onde li, confesso...) que a vida é como um balanço numa árvore, e o balançar é a gente que decide. E esta frase é mais profunda do que parece, sua simplicidade esconde uma maturidade de pensamento igual ao desenho deste balanço.

Outra proposta de balanço, agora do acervo da Brisa Casa. Depois que os balanços voltaram a frequentar as coleções das melhores marcas, os designers deixaram a imaginação fluir em altíssima potência para criar produtos originais, confortáveis, seguros (ao contrário do pneu amarrado à uma árvore da minha infância, design efêmero e praticado sem o mínimo de comprometimento com a segurança...rs). Esta é outra peça que poderia facilmente migrar da área externa para dentro da casa, com outro acabamento e outra cor, transformando-se em um ponto focal na decoração.

E o que dizer deste produto, pendurado à porta da Artefacto? Com todas as habituais características da marca claramente presentes – qualidade no acabamento, conforto, design original – é irresistível para quem passa. Pelo menos, o foi para mim, que não consegui resistir e fiquei alguns minutos relaxando neste balanço/casulo, praticando o dolce far niente necessário para que aproveitemos os bons momentos da vida, mesmo que seja numa tarde de trabalho. E este balanço me lembrou de uma rede que usei muito quando jovem, com uma grande paixão carioca, quando passávamos finais de semana em Búzios deitados na rede – infinitamente menos confortável do que este produto, mas que se prestava àqueles momentos de tal forma, que ficaram na minha memória.

Aqui, faço um desvio para a chaise-longue de balanço do mestre Oscar Niemeyer, do acervo da Arquivo Contemporâneo. Porque esta peça é icônica, é um exemplar do que melhor se pode oferecer em conceito de design de mobiliário, é escultural – ou melhor, absolutamente linda, não tem outro adjetivo – e também oferece aquele elemento lúdico, um balanço suave, uma proposta de diminuir o ritmo maluco ao qual estamos acostumados. Neste móvel, todo o pensamento de um de nossos maiores arquitetos está presente – seu apreço pelas curvas, por materiais adequados ao nosso clima, e a originalidade e aparente simplicidade (que esconde uma complexidade de alta potência) da construção proposta. Um clássico que permanecerá na história do mobiliário mundial.

Em suma – estes produtos parecem terem sido pensados e conceituados para ganharmos tempo pensando na vida. Como na escultura acima, do portfolio da Ekko Home – um singelo menino olhando seu reflexo sobre uma superfície polida, com um barquinho flutuando. Uma ressignificação do mito de Narciso, aqui suavizado mais pela observação do barquinho flutuando do que pelo apreço pela própria imagem.

 

Os balanços deste post ainda não abrangem todas as opções que as marcas que nosso Shopping oferece. Fica aqui uma provocação – venha se balançar. Perceber que nossos designers e nossas marcas querem mais do que vender produtos – querem oferecer possibilidades de uma experiência realmente sensorial. E escolha o que melhor se adaptar ao seu projeto – ou ao seu ritmo...

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