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Arte Por Todo Lado

Wair de Paula, Jr.

É atribuída a ao filósofo alemão Friedrich Nietszche a frase “temos a Arte para não morrer da verdade...” numa tradução livre, afinal alemão é uma língua de profundidades não apenas estéticas como também filosóficas. Essa introdução é apenas para reforçar o que sempre acreditei – a Arte é capaz de emocionar o mais bruto dos homens. E abri esse post com a imagem acima, para comprovar minha tese: esta parede do espaço de minha amiga Paola Ribeiro para a Casa Cor São Paulo deste ano é seguramente a imagem deste evento mais difundida e fotografada por todas as plataformas de comunicação e redes sociais, por um detalhe fundamental – a excelência da obra de Marcelo Catalano que preenche essa foto. Os 36 trabalhos expostos nesta parede têm um caráter de imediata fixação do olhar, e é realmente impossível ficar indiferente à qualidade desta obra, ainda mais neste espaço. A sequência de símbolos parece criar um movimento entre a música e algum intrincado cálculo matemático, e isso é fascinante.

A partir desta imagem, decidi pesquisar nas lojas e galerias do Casashopping tudo aquilo que me emociona no mesmo potencial da obra de Catalano. E encontrei coisas surpreendentes – como a gravura de Andy Warhol acima, “Drácula”, de 1986, do acervo da Galeria Dom Quixote. Warhol foi um criador potente e prolífico, sua obra abrangeu diversas formas de expressão – de papel de parede à cenários e performances – mas eu ainda considero sua obra gráfica magnífica – e infinitamente mais acessível do que as pinturas deste profético artista, que disse lá no passado que “...no futuro todo mundo será famoso durante quinze minutos”. Enquanto escrevo esse post, já estou colocando na minha agenda para ir à essa galeria (@galeriadomquixote) para ver essa obra ao vivo. Não é sempre que encontramos uma obra de Andy Warhol à venda em nosso mercado – o que prova a qualidade de nossos lojistas e parceiros.

Ainda na Galeria Dom Quixote encontrei essa magnífica gravura de Roberto Burle Marx. Roberto não foi apenas um dos maiores paisagistas da face deste planeta – também era um artista da mesma magnitude. Tive a sorte de conhecê-lo através de uma grande amiga em comum, a designer de interiores Janete Costa, e era sempre um prazer conversar com Roberto, fosse sobre plantas, música ou arte. Essa obra é uma litografia de 1979, e eu particularmente tenho um apreço absoluto por litogravuras (cuja matriz é uma placa de pedra) e xilogravuras (quando a matriz é uma placa de madeira). Exige um domínio técnico absurdo do artista, e não podemos esquecer que o artista desenha a obra “ao contrário”, pois o papel espelha a imagem impressa. Mais uma obra que merece ser verificada “ao vivo”. Uma obra de qualidade impar...

E as surpresas não acabam ao verificar o acervo – item por item – da Dom Quixote. De repente encontrei esse Picasso – sim, Pablo Picasso, o gênio espanhol, uma imagem impressa com intervenção a gouache, datada de 1953. Já percebi que vou ficar mais tempo do que o previsto olhando todas as preciosidades desta galeria – afinal, não é toda galeria que tem um Picasso em suas gavetas. Tudo o que admiro na obra deste genial artista está presente na obra acima...

Para não ficarmos apenas nas obras sobre papel, a Dom Quixote ainda tem um acervo de pinturas e esculturas de peso – como a imagem de Narciso acima, de autoria de Evandro Carneiro, talhada em pedra sabão. Evandro Carneiro atuou tanto como artista como marchand, e posteriormente como leiloeiro conceituado. O tema acima é sempre atual, afinal vivemos em tempos em que Narcisos se manifestam constantemente nas redes sociais – e Caetano já vaticinou que “Narciso acha feio o que não é espelho...”. Ou selfie, se trouxermos a frase para a contemporaneidade. E a escultura acima é perturbadoramente misteriosa, e eu adoro esses aspectos da Arte, de provocar nosso pensamento e, consequentemente, emoções.

Pulamos da escultura quase clássica para o livre movimento da escultura acima, assinada por Armarinhos Teixeira, obra do acervo da A. Thebaldi Galeria (@a.thebaldigaleria). Tem um impacto visual estranho, parece as vestes de alguém que não está mais presente. Tenho uma queda por obras que não se explicam de imediato, que mais provocam do que explicam. E a tridimensionalidade sempre me foi muito cara, os aspectos tácteis de obras deste porte me atraem, e esta obra é daquelas que criam um ponto focal em qualquer ambiente em que seja inserida.

Ainda no campo da tridimensionalidade, tenho que confessar que sou maluco pela obra de Osvaldo Gaia. No espaço que eu e minha sócia Lenora Lohrisch vamos fazer na próxima Casa Cor Rio, eu fiz questão de pedir à Edson Thebaldi, dono da A.Thebaldi Galeria (@a.thebaldigaleria) uma obra deste artista, que terá o destaque devido, junto à outros artistas de peso (inclusive um Kracjberg de proporções agigantadas, lindo...). Ele lida com questões opostas em seu trabalho, reúne materiais ultrassensíveis com outros mais pesados e/ou intensos, sempre com um resultado para lá de instigante. Esse artista paraense subjuga os materiais à sua ideia de forma exemplar, em obras que ora remetem à elementos da natureza, ora parecem traduzir elementos do cotidiano das comunidades ribeirinhas, em uma produção de forte caráter orgânico e grande conteúdo simbólico. Deu para perceber que eu realmente gosto muito das obras deste artista, não?

A obra de Gaia eu descobri não faz muito tempo – através de Edson Thebaldi. Mas a obra de Bruno Miguel já me era conhecida de muito tempo. Sua obra trafega em diversas plataformas, cenários e superfícies, e este jovem artista carioca já tem obras em grandes coleções tanto no Brasil quanto no exterior. Também vou usar uma obra dele em nosso espaço para a Casa Cor Rio, um trabalho instigante e de alto apelo visual – e a conjunção da pintura com a tridimensionalidade, mais um certo caráter objet trouvé conferem a originalidade e potência que me são caros neste campo. Os pratos acima são uma subversão às antigas coleções de pratos Borrão ou Companhia das Índias que era tão constante em coleções no passado recente. Inteligente, provocador...não são essas questões primordiais da arte? Também do acervo da A. Thebaldi Galeria, que está com um acervo de obras deste artista bastante heterogêneo.

Precisava colocar uma fotografia neste rol de apreços artísticos. No passado recente tive uma galeria de arte, que inaugurou com uma exposição de um jovem fotógrafo, pois essa plataforma também me é muito cara. E escolhi a obra acima, de Renan Cepeda, da série Night Paintings. Eu acredito que essa foto tenha sido tirada através de um processo chamado de Light Trapping, quando o objeto fotografado é iluminado com uma lanterna ou algo parecido, e o obturador da câmera fica aberto por alguns minutos até “captar” a imagem iluminada. Esta série é especialmente fascinante, um certo realismo fantástico parece inundar as imagens. Fora o resultado, o próprio processo já é fascinante – e esta obra também faz parte do acervo da A.Thebaldi, uma galeria cujo maior dogma é a originalidade de seus artistas.

Atualmente, minhas paredes de casa são cheias, uma grande mistura de pinturas, desenhos, fotografias, gravuras, colagens e toda sorte de manifestações artísticas. Para dar unidade a essas obras num mesmo espaço, eu elejo um “tema” – e uma das paredes de minha sala só tem obras em preto e branco, como a acima, uma produção da Urban Arts (@urbanarts_riodejaneiro). Quando fazemos uma escolha sob este prisma, fica muito mais fácil de se ter uma composição equilibrada, por mais diferente que sejam os temas apresentados.

O fotógrafo Paulo Marrucho é o autor do tríptico acima, uma foto maravilhosa que transforma qualquer parede em uma pequena galeria. Assim como essa, a RJSign (@rjsign) tem um portfolio de obras e artistas com temas similares, e apesar de vivermos em uma cidade maravilhosa, que se manifesta através das janelas, ver a geografia sob as lentes de um profissional talentoso sempre é um agente provocador de boas sensações. A fotografia tem tomado um espaço significativo na composição de paredes e coleções, eu mesmo sou um profundo entusiasta desta categoria artística. Mas não vá transformar a fotografia que você tirou com o celular em sua última viagem numa obra – a resolução geralmente não é adequada para grandes formatos, o que torna a imagem pixelizada, sem essa unidade conseguida através de equipamento profissional (e olho treinado).

E na RJSign (@rjsign) você pode literalmente compor a imagem à sua maneira, pois eles têm profissionais prontos para ajudar nisso. Eu ainda prefiro a escolha de obras prontas, totalmente feitas e elaboradas por profissionais do meio, por mais que eu seja um ser criativo, prefiro  minha casa com idéias novas vindas das mais diversas fontes e criadores. Gosto de pensar o que provocou uma idéia e/ou imagem, e as interpretações de uma obra artística geralmente são bastante variadas, pessoais, únicas. Sobre o tema Arte, tem uma frase atribuída ao gênio Vincente Van Gogh que sempre me atraiu. Ele teria dito que “Quando sinto uma terrível necessidade de religião, saio à noite para pintar as estrelas.”. Afinal arte, acima de tudo, é sensibilidade...

 

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