Eu ainda estou sob o impacto do sucesso do evento Atrás do Vidro. Nossa vitrine (minha com Lenora Lohrisch) para a @natuzzicasashopping além de ter ficado um escândalo, ainda tinha um adendo – uma ovelha que “roubei” da casa de Eduardo Machado, superintendente do Casashopping. Ela deu um toque de humor necessário à que as pessoas lembrassem do espaço (fora o tapete dos irmãos Campana, raridade...), e até criou certa polêmica.
O que as pessoas não sabem é que trabalhamos com referências estéticas e histórias muito fortes. isso define meu trabalho de tal forma que foi impossível ver a ovelha na casa do Eduardo e não se lembrar dos irmãos Claude e François-Xavier Lalane, dupla de criativos de primeiro quilate que deixou um legado de esculturas que transitavam entre o realista e o surrealista, empregando técnicas contemporâneas de execução. E, naquela semana, uma prestigiosa casa de leilões européia estava justamente leiloando as ovelhas acima, desta dupla, e o preço base era impressionante. Então, foi impossível não usar a ovelha na vitrine...
Ainda sob o impacto daquela lindeza que estava a leilão e totalmente fora de meu alcance, eu vi esta cadeirinha infantil na vitrine da Tinoc (@tinocloja), e foi impossível eu não pensar em escrever algo sobre os animais na decoração. Esta cadeira é tudo o que se pede para uma decoração infantil : segura, lúdica, lindinha com força. E eu adoro quando os designers, com um mínimo de desenhos, conseguem passar a idéia por completo. As orelhinhas das girafas ficaram maravilhosas como espaldar desta cadeira, e eu conheço uma pequena montanha de crianças que adoraria esta peça em seus quartos. Afinal,desde cedo devemos municiar as crianças de design...
Virei mais uns corredores do shopping, e PÁ! Quase caí ao ver o tapete em animal print da Avanti (@avantitapetes). Aos céticos de plantão, já vou avisando – é uma padronagem extremamente chic. Chic de tal forma que foi esta a padronagem escolhida pela dublê de designer de interiores e jetsetter Lourdes Catão em seu antigo apartamento novaiorquino, em um prédio de Phillip Johnson exatamente em frente ao Metropolitan Museum – endereço mais chic, impossível. Ela forrou toda a área íntima e social com esta padronagem no chão, e sobrepôs aqui e ali uma zebra de verdade, um tapete antigo antigo mesmo, e desfilava pelo pequeno apartamento sobre seus saltos altíssimos com extrema desenvoltura e elegância, com a atitude blasé típica das pessoas que são chics e sabem chics. Eu enlouqueci quando estive no apartamento dela, era extremamente original, com uma mescla de obras de arte de primeiríssima qualidade, móveis de várias épocas e tecidos cru ou adamascados, tudo sobre essa base felina. E era puro luxo, como sua dona, uma das mulheres mais belas e elegantes que já conheci.
Cara-metade adorou os bichinhos acima, prova de que não são peças destinadas unicamente ao universo infantl. São lúdicas, coloridas, extremamente bem feitas, um grande objeto decorativo para as estantes. Aqui, um adendo – adoro estantes só com livros. Mas não na minha casa...as minhas tem livros aos montes dividindo espaços com objetos das mais diferentes formas, épocas e procedências, considero que tudo isto faz parte do meu universo de referências. Então, a santa de roca do final do século XVIII convive perfeitamente com uma taça veneziana de um designer contemporâneo, entre pilhas de livros e outros ajuntamentos. A vida é curta para não se conviver com essas referências, eu acho...
Achei numa loja um bicho exótico – aliás, um quase bicho. Uma caixa de Lego que “compõe” o tigre acima, meio duro em suas manchas e listras, mas delicioso de se montar. As crianças de hoje têm jogos lego nos mais diferentes tipos, formatos, modelos e temas. Eu ainda sou do tempo do “pequeno construtor”, ou de jogos de montar primários perto da sofisticação do Lego atual. Esse, eu encontrei na Spicy (@spicy_lojas), junto com outros animais.
Na mesma Spicy encontrei a caixa/Box acima, em palha sintética com esse forro com estampa imitando zebra. Achei bem simpática, eu adoro essas caixas forradas para colocar no banheiro, lavabo ou closet, com toalhinhas de mão enroladas, ou com os perfumes (no meu caso teriam que ser várias caixinhas para perfumes, confesso...). Elas ajudam a organizar o espaço, são práticas e nessa versão animal print conseguem ser inclusive fashion.
A almofada chic com força, com estampa de dorso de zebra, é da Codex Home (@codexhome). Elegante até a última costura, ela empodera um sofá com muita facilidade. Em tempos de controle de peles animais, uma estampa bem feita e bem usada pode fazer toda a diferença. Aqui fica um comentário – atualmente é fora de moda usar peles de animais selvagens em casa. Tenho um conhecido paulista que tem um banco maravilhoso da Artefacto, forrado com uma pele de um animal exótico africano, sobre uma pele de girafa esticada no living. Eu não consigo mais conviver com isso, pensar naquelas girafas fofas colocando a cabeça nas janelas das casas como vemos no Instagram, e depois ver a pele dela esticada para se pisar. Acho desnecessário, não gosto nem de olhar. Lembro de uma foto de Peter Beard na África, com um campo quase do tamanho de um campo de futebol repleto de peles de zebras, o retrato da maldade do homem, e essa imagem até hoje me vêm à cabeça quando vejo peles de zebras de verdade nas casas. A indústria já consegue repetir esses padrões de forma ética e elegante, como na almofada acima. Desnecessário o uso da pele animal.
A Tutto per la Casa (@tuttoperlacasa) tem vários produtos com bichos e/ou animal print, mas eu escolhi esse conjunto porque achei lindo esse set – o fundo da pintura da xícara parece um cânhamo, com o papagaio sobre ela, e tanto o pires quanto o prato de sobremesa brinca com esses padrões naturais, juta, bambu, folhagens, um acerto em termos de composição. Eu tenho uns guardanapos em algodão finíssimo tingidos em tye-die amarelo escuro e um jogo americano de pastilhas de coco que ficariam perfeitos com este set. Ou então meus guardanapos com estampa do grande Roberto Burle Marx. Mesas podem – devem – ser lúdicas, já passamos da fase daquelas mesas formais com seis talheres de cada lado, com pessoas falando baixinho. Hoje as mesas são mais informais, e podem sim ser mais coloridas, só é preciso produtos de qualidade e um certo desapego das normas vigentes.
Gente...que luxo é este papel de parede da Orlean (@orlean_official)? Eu adoro estes temas, que remetem aos cabinetes de curiosidades do passado, quando os europeus faziam expedições a partes longínquas do planeta e voltavam com bichos, aves, penas, pedras, enfocando o exotismo geralmente oriundo de um profundo desconhecimento do objeto em questão. Este papel tem 3 cores de opções de fundo, mas este escuro me arrebatou de tal forma que estou pensando como poderia utilizá-lo em minha nova futura casa, ele realmente consegue transformar um espaço com pouco esforço – e muita categoria...
Bem, temos animais de todos os tipos e maneiras para deixar sua decoração mais selvagem...rs. E isso é apenas um pequeno apanhado deste tema dentro de nosso universo, e dentro de nosso shopping. Provavelmente voltaremos ao tema, tamanho manancial.