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ARQUITETURA
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Sua atitude em desenvolver uma arquitetura cultural,
que mistura o étnico com o moderno, dispensou de
vez os conceitos imperialistas da história. O cuidado e
a forma sensata com que usa as cores e os volumes são
fascinantes, porque criam espaços que sempre surpre-
endem pela sutileza de detalhes, sem deixar de lado
o impacto visual. Ele sabe que, em um mundo ligado
pela Internet, o comportamento das pessoas se trans-
formou. “Para mim está muito claro que a emoção e
os sentimentos inspirados pela arquitetura nunca fo-
ram tão importantes como nesse momento. O aspecto
funcional das construções se perdeu bastante. Agora,
a arquitetura precisa ser performática e provocar emo-
ções. Tem que nos inspirar com experiências nos planos
social, emocional e cultural. Hoje, me interesso mais
pelas transformações sociais e pela diversidade cultural
do que propriamente pela arquitetura”.
Diante das obras da geração de arquitetos-escultores,
como Frank Gehry, Santiago Calatrava, Zaha Hadid, entre
outros, ele tem opinião formada: “A exuberância como
finalidade não me empolga. Aposto na arquitetura que
cria produtos únicos, que não são mais caros do que os
convencionais. A exclusividade não está no custo de suas
soluções, mas na integração com o lugar onde estão.
Valorizo demais o entorno de um projeto e cultivo a va-
riedade de ideias, pois contribuem para uma qualidade
de vida melhor. O que estou interessado em fazer em um
lugar não será necessariamente viável em outro”.
Entre seus trabalhos recentes, estão o Museu de
Arte Contemporânea, em Denver, o Centro Nobel da
Paz, museu em Oslo, e a Escola de Administração de
Moscou Skolkovo, em Moscou. Sempre com um olho
na comunidade afro, fez um projeto para tratamento
de câncer infantil, em Ruanda. Também é dele o novo
Studio Museu, no Harlem, instituição dedicada a pro-
mover o trabalho de artistas de descendência africana
em Nova York.
Em 2011, lançou o livro “Urban Africa – Uma via-
gem fotográfica por David Adjaye”. Ele documentou
as 52 capitais africanas com a finalidade de estudar
as construções e os padrões de urbanismo. A coleção
de fotos faz parte de uma pesquisa pessoal motivada
pelo pouco conhecimento do continente africano no
mundo. A herança africana e o conhecimento de sua
cultura fizeram de Adjaye a escolha perfeita para ser
o curador da coleção de tecidos africanos do Cooper
Hewitt – Smithsonian Design Museum, em Nova York,
na exposição “David Adjaye Selects”, em cartaz até fe-
vereiro de 2016. Ao analisar a coleção do museu, que
conta com 150 peças, ele buscou um diálogo entre os
tecidos e seu próprio acervo de estampas, desenhos
que faz como inspiração para os projetos de arquite-
tura. De suas experiências na África, ele entendeu a
importância dos tecidos na cultura visual, e as formas e
estampas constantemente se refletem em seus prédios.
“Sempre me interessei pela abstração e pelas técnicas
Vista externa da Biblioteca de Bellevue, Nebraska
Foto: Jeffrey Sauers
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