A última feira de design de Milano, para onde todo o universo converge durante sete dias, foi bastante pródiga em instalações maravilhosas, surpreendentes, mais do que em produtos – o mercado não dá conta de consumir tanta coisa nova em pouco tempo. Mas uma marca se destacou aos meus olhos, por fazer uma collab com o genial cineasta Pedro Almodovar. Através do olhar deste, os móveis da marca ganharam cores e estampas maravilhosas, totalmente de acordo com boa parte dos cenários e figurinos que habitam seus filmes. Aliás, aparte – o apartamento do personagem de Antonio Banderas em Dolor y Gloria até hoje não me sai da cabeça – uma mistura ousada de cores contrastantes em resultado elegantíssimo e absolutamente original.
Pensando nesta collab e no resultado que ela proporcionou, corri algumas marcas do CasaShopping procurando artigos relacionados ao tema – cor, muita cor. E de início já me apaixonei pela obra de Marcelo Solá, um trabalho de proporções, que vi na A. Thebaldi Galeria. Este artista goiano tem uma estética em que as cores contrastantes fazem parte constante de seus trabalhos, gerando obras de alto impacto visual – e que muito, muito me encantam.
Assim como enlouqueci com as cores destes cestos de palha, da Tutto per la Casa. Um trabalho de manufatura esmerado com equilíbrio de cores absoluto, Eu fico pensando em quem produz estas peças, se o/a artesão/artesã tem consciência do domínio cromático praticado nestes produtos, onde a manufatura se encontra com um rigor visual construtivo típico dos mais cerebrais artistas plásticos. Uma beleza, uma beleza...
Recentemente, descobri um hotel onde todas as áreas comuns são coloridas com 3 cores – azul claro/azul turquesa, vermelho e branco. Tive súbita vontade de passar alguns dias neste hotel à beira-mar, mas ele é visivelmente um pouco (muito) acima de meu orçamento – apesar de ser uma verdadeira masterclass em termos de utilização da cor no espaço. E quando vi as xícaras acima, também da Tutto per La Casa, lembrei-me imediatamente daquele espaço maravilhoso - e praticamente inatingível à maioria dos mortais.
Aqui, o belíssimo tapete listrado em cores sóbrias da Casa Julio recebeu o toque de cor poderoso dos lírios laranja forte, criando um diálogo de cores complementares que deixou o ambiente mais alegre, mais charmoso e elegante. Eu adoro flores frescas e coloridas, minha casa literalmente não passa um dia do ano sem flores de toda sorte – e como este gosto é compartilhado por cara-metade, quando eu não estou em casa ela continua florida.
Dentro deste espectro, encontrei a obra de Vitória Frate, acrílico e spray sobre tela, que faz parte do acervo da Dom Quixote Galeria. Uma composição curiosa, forte, jovem – que seguramente trará cor e vibração ao mais neutro dos espaços. Recentemente a foto de um apartamento meu, de alguns anos atrás, saiu no perfil de uma “Influencer” – e apesar de ainda ser muito atual e elegante, eu mesmo estranhei que era uma parede toda decorada em preto-e-branco, com um sofá preto. Mas depois me lembrei que a parede em frente ostentava uma estante gigantesca repleta de livros, objetos, arte, o que provavelmente reforçaria meus pontos estéticos.
O papel de parede da Quintal de Madame acima foi utilizado em um espaço infantil, mas eu o vejo numa sala de almoço, recebendo uma coleção de pratos da marca italiana Bitossi em cima destas estampas, criando a feérie almodovariana da qual este post trata. Eu já disse e afirmo – em termos de design de interiores, não concebo o conceito de “excesso de informação”, caso esta “informação” seja original e de qualidade.
A obra de Thamyres Donadio, do acervo da L Z Studio, poderia facilmente frequentar os cenários de algum filme de Almodovar, pois contém os atributos que este diretor invoca em toda sua obra – originalidade, cor, uma certa estranheza, mas – acima de tudo – a originalidade. Eu adorei este trabalho, e depois que frequentei o perfil do Instagram da artista gostei mais ainda, pois ela curte animais e boa comida como eu.
O tapete Blossom, da Santa Mônica Tapetes, é outro produto que facilmente frequentaria um cenário almodovariano. Aliás, recentemente fui ao novo prédio do Masp, e um dos andares ostenta um tapete gigantesco em um tom incrível de verde, produzido por esta marca, e nesta sala – cujas paredes tinham a exata cor do tapete – se passava um vídeo fascinante com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro encarnando Lina Bo Bardi, a autora do prédio do MASP e de outros edifícios icônicos nesta cidade. O clima provocado por aquela intensidade de verde, junto às escadas vermelhas do Masp nos vídeos, era de tirar o fôlego.
O fusca hippie/flower power acima, saído das prateleiras da Rosa Kochen, tem também os componentes do universo deste cineasta. Divertido, insólito, colorido e quase naif, este objeto enfeita uma prateleira com bastante originalidade.
Depois desse périplo pelas lojas do CasaShopping, resolvi repor as energias – e o sanduíche da Golden Sucos não apenas repôs a minha energia, como também parecia conter todas as cores necessárias para uma refeição saudável. Crocante por fora, suculento na medida, texturas e cores e sabores perfeitos que, somados ao meu apetite na hora, transformaram uma refeição casual em um grande momento.
Eu sou um fã incondicional do cinema – e vê-lo como força de informação sobre o universo do design de interiores me deixa bastante satisfeito (assim como o sanduiche acima...rs)