Volto ao tema Casa Cor Rio de Janeiro 2024 por um motivo – ainda estou entusiasmado com o que vi, com a criatividade e potência dos profissionais cariocas, que se empenharam para fazer com que estes espaços ficassem não apenas surpreendentes, mas – e principalmente – que ficassem na nossa memória, como referências a serem utilizadas no futuro. Eu já disse que sou a soma de minhas referências, do que vejo e absorvo, e esta Casa Cor está um manancial absurdo de boas informações. E, como sou um adepto das cores, resolvi focar este tema aqui, e não poderia deixar de abrir este post com a imagem acima, do espaço de meu amigo Chicô Gouvêa, um mestre neste assunto. Este sofá lindo, da Arquivo Contemporâneo (assim como a poltrona) não poderia estar em melhor companhia do que apoiado nesta parede vermelho escuro, com esta obra poderosíssima de Iberê Camargo arrematando o conjunto. Esse jogo de contrastes não é para amadores, garanto. Design e Arte casam muito bem com ousadia, e disto Chicô entende.


 
Capotei nesta cozinha linda, verde, deslumbrante, ideia de Ana Malta e Andrea Duarte. Este tom de verde é de uma elegância ímpar, e a Madeirol fez um trabalho irretocável neste projeto, um acabamento primoroso, e eu já me vi cozinhando nesta cozinha maravilhosa, recebendo os amigos entre bebidas, música e panelas fumegantes. Aliás, o dia em que estive neste espaço, tinha bebidas, música, o clima perfeito para o cenário perfeito, alto astral como as criadoras deste. Uma cozinha com alma, não um cenário. Um acerto em todos os sentidos, na mistura de referências, padronagens, texturas, tudo extremamente bem resolvido.


 
O Loft Perto do Mar, de Maurício Nóbrega, é outro espaço que ficará na memória. Uma grande soma de referências, informações de toda sorte, objetos das mais variadas procedências, arte por todo o lado, extremamente bem-produzido, outro ambiente com alma, com cara de real, de casa mesmo. Maurício parece ser um profissional que não segue as ditas tendências, ele cria um percurso único, autoral, brasileiro até a medula, riquíssimo em informações. Fora a cozinha em delicioso tom de verde pistache, destaco este tapete coloridíssimo na parede, da Galeria Hathi, que ganhou o merecido status de obra de arte ao ser colocado na parede. Mas este é apenas um dos pontos focais do ambiente, como pode se notar nesta simples foto.


 
O Estudio Brisa do Norte, de Cadé Marino, é outro daqueles ambientes que provocam o olhar à procura de cada detalhe – e a iluminação do grande Maneco Quinderé aumenta a potência desta percepção. Aqui, os tons e materiais naturais – madeira, pedra, sisal – parecem terem sido pensados para que esta tal Brisa do Norte seja realmente sentida. As cortinas da Guilha deixam passar parte do cenário para dentro do ambiente, e a cama da Lider Interiores é um convite a momentos de descanso, intimidade. Um espaço realmente extremamente agradável, chic em todos os detalhes.




  
Não resisti a citar estes pássaros? peixes? em cerâmica, do portfólio da Dracena Home, que estavam no delicioso jardim de Karyne Lima. Eu adoro cerâmica, uma matéria prima ancestral, e estas esculturas são deliciosamente estranhas, e muito, muito originais. Enxergar a beleza neste tipo de arte é fundamental para abrirmos nossos horizontes, a dita arte não erudita tem uma potência criativa que sempre me surpreende, a criatividade ilimitada destes artesãos me entusiasma, me provoca a tentar ser igualmente tão criativo.


 
À entrada do espaço de Claudia Infante, deparei-me com esta beleza de tapete, da Galeria Hathi. Chic até o último ponto, imediatamente me lembrou um designer de moda que adoro, Paul Smith, mestre em listras coloridas. E este tapete é um escândalo de lindo, tenho a impressão de que não existe um igual ao outro, me parece ser totalmente construído ao bel prazer do artesão que o teceu, costurou e emendou estes pedaços listrados, totalmente ao acaso, mas em absoluta sintonia estética. Eu aplaudo estes movimentos que geram produtos únicos, sou um entusiasta confesso desta prática.


 
E a Criare também se esmerou no espaço criado pela Beta Arquitetura, da dupla Bernardo Gaudie-Ley e Tânia Braida. Criado com a proposta de ser um refúgio de tudo aquilo que nos desconecta com quem realmente somos, este ambiente tem uma palheta suave de cores que parecem se entrelaçar, passagens de texturas e cores diferentes mas orquestrados com muita sabedoria, outro espaço crível, real, gostoso mesmo. 


  
Não poderia deixar de citar a obra acachapante de Osvaldo Gaia, da Galeria A. Thebaldi, que domina o espaço imaculadamente alvo de Tom Castro. Não me canso de admirar a obra deste artista, este é um trabalho diferente do que estou acostumado a ver saído do atelier dele, mas igualmente forte e instigante. Este ambiente parece ser a antítese do espaço feito por Tom na Casa Cor 2023, onde as paredes eram pretas, as obras de arte coloridíssimas, o banheiro vermelho goiaba. Aqui, o branco reinou através dos revestimentos e dos móveis da Arquivo Contemporâneo, e a arte também.


 
O espaço de Rafael Ramos, um estúdio inspirado pelas ideias do filósofo Jacques Derrida, ostenta design de peso – como a poltrona acima, da designer Nika Zupanc, do portófio de produtos da Novo Ambiente -, eletrodomésticos da Elettromec e obras de arte da A. Thebaldi Galeria, entre outros. Um projeto denominado Loft Origens, com passagens cromáticas muito sutis e elegantes.

Ainda voltaremos ao tema Casa Cor, tem muita coisa legal para ver – e guardar como referência, como já afirmei no início deste post. E muitas marcas presentes no CasaShopping para citar também...