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Ponte Aérea Junina

Wair de Paula, Jr.



São Paulo não tem praias, cenários naturais exuberantes como o Rio, não tem a beleza que é o cenário de quem mora na Lagoa Rodrigo de Freitas, nem um caminho que tire o fôlego como a trilha para a Pedra da Gávea. Nenhuma rua ou avenida desta capital tem a paisagem de tirar o fôlego como acontece aos que passam pela Avenida Niemeyer. Mas esta que é uma das maiores cidades do mundo tem uma dinâmica típica das megalópoles, e, apesar desta falta de belezas naturais, está se tornando um expressivo destino turístico, em virtude do que ela oferece como serviços. E seu mais conhecido cartão postal, a avenida Paulista, é atualmente o principal ponto de convergência das pessoas que chegam na cidade, devido aos seus museus e institutos culturais – e agora, com um mirante de perder o fôlego, com a abertura do SESC Paulista. 

Vamos caminhar de ponta a ponta, para descobrir e/ou relembrar os ótimos lugares desta avenida.

1)    JAPAN HOUSE  (www.japanhouse.jp/saopaulo)


 (repare direitinho na fachada, feita de uma Madeira japonesa, toda montada através de encaixes precisos)

Já falamos deste espaço aqui no Blog. É um centro de cultura / intercâmbio entre o Brasil e o Japão, com um belíssimo espaço expositivo projetado por Kengo Kuma. Um espaço dedicado à divulgação do Japão através da arte, cultura, tecnologia e gastronomia, com um excelente restaurante do meu chef predileto, Jun Sakamoto (o nome do restaurante é Junji). Um oásis de educação transmitida através de seus impecáveis e atenciosos funcionários, e tem um portfólio de excelentes  cursos relacionados à cultura japonesa. Todas as suas exposições são muito originais, e montadas com uma excelência invejável. E eu sou capaz de ficar horas no espaço multimídia consultando os livros locais – em suma, imperdível.  Não deixe de visitar o site, também, com conteúdo dinâmico e igualmente original.


 
2)    CASA DAS ROSAS (www.casadasrosas.org.br)

A Casa das Rosas é um casarão de estilo clássifo francês, um edifício tombado pelo Condephaat, e é um dos últimos remanescentes nesta região de uma época em que esta avenida era povoada de casas luxuosas, por onde passavam charretes e carruagens. Este espaço cultural tem um enfoque em literatura e poesia, e atualmente é conhecido como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Pequenas e preciosas exposições compõem o calendário deste lugar, e está localizado praticamente em frente à Japan House – vale a visita. E tem um café localizado nos fundos da casa, próximo ao jardim que dá nome à casa, que é uma delícia.

3)    SESC PAULISTA (www.sescsp.org.br)


Projetado no final da década de 1970 pelos arquitetos Sérgio Pileggi e Euclides de Oliveira, este edifício, até 2010, abrigava a sede administrativa do Sesc/SP. Após um retrofit que durou oito anos, projeto do escritório Königsberger Vannuchi Arquitetos, agora abriga a mais nova unidade do Sesc. Esta reforma possibilitou que este edifício abrigue agora salas dedicadas à artes e tecnologia, salas expositivas,(a atual exposição do artista Bill Viola é belíssima, aliando arte e tecnologia em seus vídeos), espaços para práticas esportivas e/ou corporais, consultórios, uma deliciosa biblioteca, um restaurante e um café no último andar, onde nos deparamos com uma vista de literalmente tirar o fôlego – conseguimos ver toda a cidade de São Paulo. Já se tornou um dos “points” da cidade, e reforça a tradição do Sesc em promover a interação entre seus espaços, a cidade e seus habitantes, em belo exercício de cidadania. E fica, literalmente, a poucos passos da Casa das Rosas...


 
4)    ITAÚ CULTURAL  (www.itaucultural.org.br)
 


Continuemos nossa caminhada. Ao lado do Sesc Paulista, fica o Itaú Cultural, um instituto voltado para a pesquisa e a produção de conteúdo, e para o mapeamento incentivo e difusão de manifestações artístico-culturais, segundo explica em seu site. É um centro de referência na cidade, com exposições do próprio acervo e também temporárias, sempre excepcionalmente bem construídas – tanto física como conceitualmente.


 
Atualmente, exibe a exposição  Véio – a Imaginação da Madeira, artista sergiano popular cujas obras freqüentam coleções prestigiadas, e que teve seu trabalho recentemente mostrada em Paris e Milão. A exposição é linda, impressionante.

5)    FIESP  (www.fiesp.com.br)



O edifício da Federação das Indústrias de São Paulo é alvo de manifestações políticas a torto e a direito, mas suas instalações abrigam uma galeria dinâmica, teatro, salas para cursos, etc.
 
E sua fachada imponente, forrada de painéis de LED, tanto é usada para fins políticos como para manifestações artísticas.



6)    MASP (www.masp.org.br)

Um dos mais emblemáticos edifícios brasileiros, ao lado do Copan (SP) e do conjunto da Pampulha (BH), o MASP, autoria da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi se localiza no meio do percurso que une as pontas desta avenida.



Imponente com suas colunas vermelhas, tem hoje seu lay-out original recuperado, inclusive com a volta dos cavaletes de vidro projetados por esta arquiteta para este museu. Um dos maiores acervos da América, tem um restaurante ótimo no subsolo, e é o queridinho dos paulistanos.


 

7)    INSTITUTO MOREIRA SALLES (www.ims.com.br)

Na ponta oposta à Japan House, outro espaço que está sempre cheio – a sede paulista do Instituto Moreira Salles, importante instituição que tem o mais expressivo acervo sobre a história da fotografia no Brasil. 



Sua entrada oficial fica alguns andares acima do nível da rua, e este ponto (o rasgo no meio do prédio, conforme pode ver na foto acima) virou ponto de instagramers , onde inúmeros selfies são diariamente feitos.
 


As exposições deste Instituto têm uma excelência comparável aos melhores museus do mundo. Atualmente, expõe a obra de um artista que cultuo há muito – o malinês Seydou Keita. É daquelas exposições que merecem mais que uma visita, para apreciar a delicadeza das composições e tentar perceber a história por detrás daquelas fotos.


 
E, para finalizar, ainda abriga o restaurante de um dos melhores chefes brasileiros, o Balaio, do chef Rodrigo Oliveira.
 


Começar o dia no Japão e terminar nas mesas do nordeste brasileiro, tudo em uma única avenida – isto é a cara de São Paulo.

Wair de Paula, Jr.
 

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