A moda sempre trabalhou com o conceito de “tendências estéticas”, não apenas comportamentais. Então um ano a moda era saia curta, a outra saia longa, numa as bolsas grandes, na outra as sandálias rasteiras, e por aí seguia, definindo tendências cuidadosamente estudadas com fins assumidamente comerciais. Mas a decoração tinha por prática aceitar e definir estilos, não elementos deste. Do natural/chic ao industrial, passando por vários conceitos estéticos, a decoração estava sempre sugerindo novos tipos de morar, baseado na análise das tendências sócio-comportamentais.

Até que recentemente, a decoração começou a seguir um elemento que, até então, era utilizado pela moda (e por outros setores de bens de consumo) – a “cor do ano”. Vimos o Burgundy, o Verde e o Rosa Milenium invadirem mostras de decoração e capas de revistas especializadas nos últimos anos. E agora, a cor para 2018 já foi definida – é o Ultra Violet, cor um tanto quanto difícil para nosso assunto.

Definida pela Pantone, empresa norte-americana considerada a maior autoridade mundial em cores, a Pantone é conhecida pelos seus sistemas de estudo e criação de cores com definições químicas muito precisas – tanto que esta marca ficou conhecida mundialmente como linguagem padrão para a comunicação em tudo que origina o gerenciamento de uma cor. E, segundo esta empresa, a cor deste ano (2018, claro...rs) “intriga aquilo que ainda está por vir, e as descobertas que estão além do lugar onde nos encontramos agora...”. E, segundo Laurie Pressman, Vice-Presidente do Pantone Color Institute, “...a cor do ano Pantone tornou-se muito mais do que uma tendência no mundo do design e da moda; agora é realmente o resultado de uma reflexão e da identificação daquilo que está em falta no mundo atual.” 

Se formos pensar no que realmente está em falta no mundo atual, a cor não vai ajudar muito... O mundo está precisando de mais paz, amor, tolerância, respeito, sentimentos de coletividade e mais uma montanha de coisas que não encontramos em nenhuma prateleira. Mas como a economia é a mola que movimenta o mundo, as empresas se seguram neste mote para despertar o desejo de consumo para nós ... portanto, da moda à decoração, passando até pela gastronomia, veremos muito violeta neste ano.

Algumas empresas já se anteciparam, pois estar na frente é o mantra do sucesso comercial. Seguem alguns exemplos:
 

Lábios violeta já foram lançados pela Natura, Mac e outras empresas.
 

A cor-tendência também já virou esmalte, que é o mais recente filão da industria da beleza.
 


As cozinhas já podem estar facilmente conectadas à esta tendência.
    
Inclusive o interior de sua geladeira pode ostentar, com a nova safra de legumes e verduras roxas (como esta couve-flor).
 

Poucos, porém significativos elementos – como um tapete, ou cortina – podem fazer sua casa entrar na moda facilmente.
 

Violetas e roxos são cores difíceis, mas, que se usadas com maestria, podem compor espaços bastante personalizados, como neste pedaço de living com sofá e quadro em perfeita harmonia com os tons de madeira, brancos e crus.
  

Paredes nesta cor conferem drama ao espaço. 

Eu, de minha parte, já escolhi o que quero colocar na minha casa, para estar na onda das boas vibrações desta cor. Uma tela de Mark Rothko, discreta, com suas discretas e profundas passagens de cor já deixaria meu home sweet home em perfeita sintonia com as tendências mundiais. Meu único problema para almejar este intento é o preço, não disponho de alguns milhões de dólares para satisfazer meu desejo de Ultra Violet...
 


Recomendamos, como trilha sonora para este post, a faixa Ultra Violet, do álbum Achtung Baby (de 1991...) do U-2, para melhor absorção do tema...

Wair de Paula Jr.