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Cubo ao Cubo

Wair de Paula, Jr.



Alessandro Sartore, Arthur Falcão, Fabiana Gonçalves e João M.Schiewe formam um quarteto intercontinental – Alessandro faz a ponte aérea Lisboa-NY-Miami para se encontrar com Fabiana, vem se encontrar com Arthur no Rio e em Lisboa divide o escritório com João. E, segundo palavras de Alessandro, este espaço feito para a Casa Cor Rio 2017 é bastante o resultado destas aterrissagens profissionais em várias culturas diferentes. Conceituaram um espaço de 45m2 que pudesse estar em qualquer lugar do mundo, com o máximo de praticidade e o mínimo de desperdício de espaço, questões totalmente conectadas com o novo modo contemporâneo de viver.


Porém, buscar esta “estética comum” para atender a clientes destes 3 continentes poderia recair em resultados estéticos frios ou impessoais. Pensando em questões básicas – conforto, fácil manutenção, desperdício de espaço zero e uma certa atemporalidade que permeia todo este projeto – partiram para uma escolha criteriosa de materiais, acabamentos e móveis, com sacadas geniais e internacionais, como pretendido.

A primeira coisa que chama a atenção, depois da vista de tirar o fôlego, é que este espaço é praticamente uma caixa dentro de outra caixa. Projetaram um volume delimitado pelo teto rebaixado, cuja iluminação – que diminui de intensidade no centro – é um achado. Eliminaram vários pontos de luz utilizando Tensoflex, e atrás deste colocaram a iluminação, com alto efeito dramático apesar de propor uma iluminação difusa.

O volume central, que abriga as paredes hidráulicas, separa a área social da área íntima – ou seja, cozinha e banheiro estão no centro deste projeto, e todos os armários são da Ornare – tanto da cozinha quanto do quarto. Confeccionados em aço com vidro, proporcionam uma maior praticidade e também uma limpeza visual, o que sempre ajuda em se tratando de espaços pequenos. 

Móveis da Arquivo Contemporâneo – como o sofá com desenho de Isay Weinfeld, as cadeiras de palha de Sergio Rodrigues e a poltrona em couro de Lina Bo Bardi.A mesa em laca branca fosca, de autoria de David Bastos tem mais funções do que a ela se destinaria – serve de elo e ligação entre os espaços, funciona como sala de jantar - e aqui recebe o auxílio luxuoso das cadeiras Teelwood dos irmãos Bouroullec (são da Novo Ambiente), e um banco em madeira do antiquário Arnaldo Danemberg, e ainda pode ser usada na função “home office” – e neste trecho encontramos uma cadeira do arquiteto português Álvaro Siza (também da arquivo Contemporâneo).


    
As luminárias e objetos em vidro são de Duilio Sartori, e as obras de arte são da mineira radicada no Rio Danielle Cukierman. Demais objetos e livros são de propriedade dos autores do espaço, para dar a sensação de uma casa vivida, com gente morando mesmo. 

Claro que a vista ajuda, e o Rio de Janeiro – apesar de todas as mazelas, ainda é um lugar que provoca desejos para se morar. Mas este espaço, de dimensões reduzidas, provoca ímpetos de mudança – o básico não é só tendência : é objeto de desejo.

Wair de Paula, Jr.
 

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