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Branco Intenso

Wair de Paula, Jr.



E, de novo, sou obrigado a abrir um texto com um Spoiler – de Paola Ribeiro ninguém fala mal na minha frente. Paola é minha amiga-irmã, nos conhecemos há bastante tempo, e tive a sorte de acompanhar a ascensão profissional desta mais do que querida amiga. Isto posto, vamos aos fatos : o espaço Deca, que Paola assinou para a Casa Cor Rio 2017, é magnífico. Perfeito. Impecável. Adjetivos me faltam – e aos que concordam comigo neste assunto – para qualificar este projeto que flutua no último andar de Norman Foster, o edifício Acqua, em pleno Porto Maravilha, onde está acontecendo esta versão da Casa Cor. 
 


Paola conseguiu a difícil unanimidade de agradar a gregos, troianos, decoradores, arquitetos, fornecedores, jornalistas, influencers e todo mundo que trafega na praia da decoração e/ou arquitetura de interiores.
Tudo branco, imensas cortinas feitas de tecido de toalha (grande sacada de maravilhoso resultado), móveis pinçados com olhar muito particular, objetos cuidadosamente escolhidos, luminárias de papel (que ela mandou trazer de Londres depois de muito pesquisar) que parecem flutuar sobre a mesa de jantar, uma coleção de frascos de chás naturais, a imensa poltrona de Esfera de Ricardo Fasanello rejuvenescida em sua versão total White – igualmente estofada no tecido atoalhado – em suma : Paola e sua equipe imprime uma identidade brasileira em seu espaço, profundamente enraizada em conceitos como qualidade,  equilíbrio, verdade – e o branco parece reforçar este discurso.



Mesclando móveis de Jader Almeida (Arquivo Contemporâneo), a citada poltrona Esfera e outras peças de design estrelado numa atmosfera calma e de estudada iluminação, ainda contou com outros fornecedores de peso como Florense, Rughold, Novo Ambiente, Valvvé, Way Design, Dimlux e Guilha entre outros, ainda contou com a participação da High End no campo da automação. 


 
A distribuição dos ambientes flui de tal forma, que parece não haver limites neste espaço – sensação reforçada pela vista que invade o espaço, que se deixa invadir de forma generosa, em perfeita simbiose com a beleza desta cidade. Uma certa mistura de épocas e estilos transformam este espaço num dos mais lembrados desta mostra, e as plantas que se espalham nestes ambientes dão a sensação de algo mediterrâneo fora do tempo.



Paola tem a insuperável qualidade de fazer espaços que parecem “vivos”. Embora esta seja uma mostra de arquitetura e decoração, este espaço proporciona – assim como todos que esta profissional faz – uma absoluta sensação de espaço real, vivo, usado/usável e habitado. Não tem aquela preocupação obsoleta pela combinação de elementos e cores, não tem a “necessidade do certinho”, ao contrário – propõe a certeza da mistura de elementos, estilos, épocas, superando e sobrepondo-se à toda e qualquer tendência limitante.


 
E uma exuberante mistura de folhas e plantas tropicais compõem o jardim externo deste SPA, inúmeras espécies plantadas em vasos de diferentes alturas, reforçando o discurso contemporâneo de Paola, que parece apontar novos caminhos em vez de trilhar a estrada do banal, um caminho pautado pela qualidade e pela ética acima de tudo.



 
Paola conseguiu - como bem definiu Allex Collontonio – projetar e executar um espaço sensorial, que provoca e seduz o usuário. Faz disto seu trunfo – mas este é um recurso que muitos tentam, mas poucos conseguem. Paola consegue com maestria, mas para mim não é novidade. Sou amigo dela. 

Wair de Paula Jr.
 

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