Vá no Facebook ou no Instagram da dupla e comprove – toda santa sexta, tem bolo. Não estou falando de sexta-feira santa, estamos falando de toda sexta-feira mesmo. Mesas caprichadas, bolos com vontade de morder a tela do celular ao ver as fotos, e a certeza de que esse bolo rende bons assuntos e papo solto. Esta é a rotina no belíssimo apartamento de Ronald Goulart e Junior Grego - e desta rotina não foge Jorge, um buldogue francês de 3 anos, lindo. 


Junior Grego e Ronald Goulart

Este Blog conseguiu entrevistar Ronald entre uma obra e outra, e segue a explicação deste “evento” que periga ser citado em algum site ou blog que lista as melhores coisas Rio de Janeiro que poucos conhecem. Em seguida, as deliciosas fotos.

Blog – Ronald, vamos falar do "bolo de sexta". Como começou isso - e por que, é um tipo de "desacelerador" para o final de semana? 
Ronald – O Bolo de Sexta é uma herança de família. Na casa dos meus país os dias de semana eram marcados por diferentes guloseimas a cada dia da semana, em alguns dias tínhamos “sonhos”, em outros bolinhos de chuva....broa...e na sexta - “O Bolo” , redondo com o furo no meio, como eu desde pequeno pedia à minha mãe. Hoje é esse desacelerador e comemoração do começo do fim de semana.
 
Blog – Esta é obviamente uma ação deliciosamente caseira, que remete às tardes nas cozinhas do interior. Você tem essa lembrança? 
Ronald – Exatamente... minha mãe, Cléa, que era professora por formação, foi durante muito tempo  uma confeiteira conhecida na cidade de Rio das Flores, onde nasci. Eram Bolos de casamentos e de aniversários, ornamentais, super estruturados e confeitados. Pensando nisso, acho que foi observando ela construir essas detalhadíssimas esculturas o meu primeiro contato com arquitetura.
 
Blog – Em tempos de relações líquidas, onde comumente vemos várias pessoas à mesa interagindo com seus celulares mas não entre si - você acredita que este tipo de ação ajuda a reforçar a interação entre as pessoas? 
Ronald – Sim, o Bolo é um agregador, porque a reunião das pessoas na cozinha para executá-lo, a escolha das receitas e ingredientes, a espera dele sair do forno e a sua degustação provoca essa integração. O Bolo é um produto simples, barato, rápido de ser feito e remete a lembranças de mães e avós. Quando chego em casa atrasado, cansado, no fim de tarde na sexta, e minha cozinheira já começou a fazê-lo, e o cheiro do bolo me recebe na porta...tenho a certeza que o dia valeu cada minuto.

Blog – Eu não gosto de bolo de cenoura - uma de minhas raríssimas implicâncias gastronômicas. Já aconteceu de você convidar alguém e este não gostar, ou ser alérgico a glúten ou algo assim? 
Ronald – Sim, mas eu sempre consulto o convidado. Tenho inúmeras receitas de bolos sem glúten, sem açúcar, mas com gosto e maciez. Já aconteceu também do Bolo não ficar bom, solar, desmoronar...e ai voltarmos rindo para a cozinha e começarmos outro...(risos)
 
Blog – Cada mesa é praticamente uma festa. É espontâneo, feito na hora, ou você vai dormir na noite anterior já pensando no que vai usar?
Ronald – Como tudo que dá certo comigo, é quando é espontâneo. Quando estou voltando para casa, passo num florista que é perto, olho as flores e escolho, aí penso num bolo que me deixaria feliz e num amigo ou amigos que gostariam de degustá-lo também...então imagino as louças, os sousplats , os guardanapos....e pronto! Arrumo a mesa e... voilá. É um caso de Amor com o Bolo, e com as pessoas que eu gosto. Eu sempre compartilho as fotos, pois adoraria ter meus amigos comigo. E como já virou uma tradição, existem os que me dizem que o final de semana não começa entanto eu não posto as fotos (risos). Muitas pessoas me escrevem, pessoas que eu nunca vi, dizendo que passaram a fazer os bolos e que esse ato passou a ser um evento em suas casas. Pedem receitas, mandam fotos – tem até uns que me escrevem na quinta, perguntando qual será o bolo, para fazerem o mesmo em suas casas. Acho um enorme elogio e fico honrado.

Blog – E a perguntinha básica - quem faz os bolos, você ou o Junior? Ou há uma divisão de tarefas?  
Ronald – Os bolos, na maioria das vezes, são feitos por mim e minha cozinheira - o Junior fica mais no setor dar palpites (risos). O toque de confeiteiro , quando há, sempre é feito por mim, em homenagem a minha mãe. As arrumações de mesas são feitas por mim e pelo Junior. Tenho um prazer enorme em fazer isso, traz lembranças, sabores, cheiros, provoca a convivência com amigos - e adoro saber que isso é compartilhado!
 

Este Blog não pediu nenhuma receita para eles. Mas espera ansiosamente o convite para uma tarde regada a bolo, bom papo e calorias.

Fotos: Divulgação

Wair de Paula, Jr.